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Leandro Vilar

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Guerra Fria (1945-1991)

"Mantenha-os sob tensão e canse-os."
A Arte da Guerra, Sun Tzu

Guerra Fria é o termo que designa um período da História recente que compreendeu cerca de 45 anos de história, entre os anos de 1945 e 1991. Contudo não fora um período homogêneo, fora um período marcado por muita tensão, ameaças, chantagens, embates políticos e econômicos, espionagem e conflitos armados, revoltas e guerras. Em suma, a Guerra Fria por alguns anos fora tido como um prelúdio a uma possível Terceira Guerra Mundial, e se esta guerra viesse a ocorrer, teria sido uma guerra nuclear. 

Foi nesse período que o mundo se encontrava dividido, um mundo bipolar. Uma divisão entre o capitalismo tendo o Estados Unidos da América o seu grande expoente e do outro lado a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) como expoente do socialismo e do comunismo. E em meio a estas duas grandes potências o embate nuclear e armamentista. Assim, de 1945 a 1979, a Guerra Fria fora algo, de 1979 a 1991, as situação mudou e novas questões passaram a envolver a politica mundial. Neste texto procurarei abordar alguns aspectos que levaram ao inicio deste período, o seu desenvolvimento e seu fim. Nos dizeres do historiador Erich J. Hobsbawm, "este breve século XX". 

Saindo da Segunda Guerra

Antes dos EUA e a URSS se tornarem inimigos durante a Guerra Fria, eles haviam sido aliados durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ambos tinham o mesmo inimigo em comum os nazistas e os fascistas. De fato ambas as nações cooperaram entre si durante alguns anos para por fim a guerra. A guerra eclodiu em 1939, após as tropas alemãs terem invadido a Polônia, e posteriormente terem também invadido os Países Baixos, Bélgica e o norte da França. Em resposta a tais invasões, os franceses e ingleses declararam guerra a Alemanha. Já os alemães contavam com o apoio dos italianos e dos japoneses. A Itália tentava conquistar territórios na África, enquanto os japoneses haviam invadido a China. Assim a guerra se iniciava e nos seis anos seguintes várias outras nações ingressariam no conflito. No caso da URSS, em 1939, Joseph Stalin havia assinado um acordo de não-agressão com Adolf Hitler. Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) os russos haviam sido aliados dos alemãs, mas devido a Revolução de 1917 estes tiveram que abandonar a guerra. Mesmo assim, devido a ajuda destes no passado, Hitler preferiu não declarar guerra a Rússia, embora que a mesma se mantivesse neutra neste novo conflito. 

A situação mudou dois anos depois, quando as tropas alemãs começaram a avançar pelo território da Polônia, indo em direção aos domínios russos. Não tardou para que os alemãs quebrassem o pacto de não-agressão, então como resposta Stálin declarou guerra a Alemanha. Ainda no mesmo ano, em 7 de dezembro de 1941, aviões japoneses bombardearam a base americana em Pearl Harbor no arquipélago do Havaí. Em resposta a este ataque, os Estados Unidos ingressaram na guerra no ano seguinte. Assim pelos três anos seguintes, os americanos passaram a cooperar com os soviéticos para derrotar os nazistas os quais eram a principal ameaça, já que o fascismo estava em decadência.

Em 28 de novembro de 1943, os chamados "três grandes" se reuniram na cidade de Teerã, capital do Irã, para discutirem acerca do futuro da guerra. Esta fora a primeira vez que o primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o premier da URSS Joseph Vissarionovich Djugashvili (Stalin) se reuniram. 


Da esquerda para direita: Churchill, Roosevelt e Stalin. Reunidos em Teerã em 1943.
"Basicamente a Conferência decidiu a invasão da Europa ocupada através do Canal da Mancha e determinou que o norte da França seria a área escolhida para o desembarque aliado. Outra resolução importante - acertada num acordo secreto dos "três grandes" - foi o reconhecimento da chamada Linha Curzon (demarcação das antigas fronteiras orientais russo-polonesas) como o novo limite entre a URSS e a Polônia". (BARROS, 1988, p. 10-11).

A resposta da Conferência em Teerã veio no ano seguinte. Em 6 de junho de 1944 ocorreu o desembarque das tropas Aliadas nas praias da Normandia em território francês. Tal acontecimento ficou conhecido como o Dia D. O front ocidental da Alemanha começou a recuar nos meses seguintes, assim parte da França fora libertada. Em contra partida, no front oriental os alemãs sofreram duras derrotas para o Exército Vermelho dos soviéticos, os quais libertaram a Polônia, Romênia, Bulgária e a Hungria. No final do ano já era visivel que a derrota do nazismo era iminente. Até mesmo o fascistas de Benito Mussolini na Itália, estavam convencidos de que a guerra estava perdida para eles.


Desembarque das tropas Aliadas na Normandia (França) no Dia D. 1944.
Em 1945, na cidade de Yalta na Ucrânia, Churchill, Roosevelt e Stalin se reuniram uma segunda vez. Dessa vez, os três debateram acerca do apoio a Grécia e as fronteiras na Turquia, as quais eram cobradas pelos soviéticos, os quais haviam expulsado os inimigos dali. Nesse caso, a Grécia contava com o apoio da Inglaterra, porém o país estava debilitado financeiramente, devido aos gastos com a guerra nestes cinco anos, assim os americanos se comprometeram em dá apoio aos gregos e negociar a questão da Turquia com os soviéticos. Além destes dois países, debateu-se acerca das fronteiras da França, das fronteiras na Europa Oriental e sobre o ataque decisivo sobre a Alemanha, já que os alemãs estavam encurralados, os italianos haviam se rendido e os japoneses estavam longe para ajudar a tempo. 

"A verdade, porém, era que as grandes potências, durante toda a guerra, nunca deixaram de intervir em qualquer país onde tivessem interesse militar e estratégico. E nos últimos meses essa era a prática fundamental". (BARROS, 1988, p. 13). 

Confirmado tais decisões, Stalin ordenou que seus generais invadissem a Alemanha e tomassem Berlim, onde Hitler se encontrava em seu bunker. Vindo do oeste, seguiam as tropas francesas, inglesas, americanas, etc. Em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler cometeu suicídio. Muitos outros oficiais nazistas também se suicidaram, alguns fugiram e outros se renderam quando os soviéticos tomaram as ruas de Berlim. Hitler estava morto, Mussolini havia se rendido e estava preso, e o Japão estava praticamente erguendo a bandeira da rendição, mas para o horror da humanidade, a guerra não havia acabado ainda.

Em agosto do mesmo ano, o mundo fora abalado pelo horror de uma nova arma em destruição em massa, a bomba atômica. Em 6 de agosto fora soltada a primeira bomba atômica na cidade de Hiroshima, três dias depois fora a vez de Nagasaki. No final, mais de 250 mil pessoas morreram devido as explosões, ferimentos e a contaminação pela radiação, a qual se mantivera por vários anos depois.
Cogumelo de fumaça formado a partir da explosão em Nagasaki em 9 de agosto de 1945.
As explosões em Hiroshima e Nagasaki, atormentariam a humanidade pelos anos seguintes, e o medo de que outras bombas viessem a serem soltas era algo quase que inevitável. O "pesadelo nuclear" havia se iniciado. Como o historiador britânico Hobsbawm [2010] falou uma vez, a Guerra Fria tivera inicio quando as duas bombas foram soltas no Japão.


Guerra Fria
Primeira fase (1945-1979)

Anos 40

O ato dos americanos fora uma aviso para o mundo, aquele que tentasse se levantar contra a justiça, a ordem e a paz mundial, mas especialmente contra o próprio Estados Unidos da América, saiba que "nós temos bombas". De fato, não apenas as explosões aterrorizaram o povo japonês e abalaram o mundo, mas fora um aviso indireto aos soviéticos. A guerra havia acabado, mas os comunistas ainda eram uma ameaça ao capitalismo. E tal pensamento ficaria mais claro e evidente pelos anos seguintes.

Meses antes das bombas terem sido lançadas no Japão, Winston Churchill havia enviado uma carta a Stalin, onde ele expressou o seguinte pensamento:

"O mundo está envolvido numa total confusão. O perigo comum, o laço que unia os membros da grande aliança se desvaneceu para sempre. A ameaça soviética, no meu entender, já tomou o lugar do inimigo nazista..." (BARROS, 1988, p. 16 apud CHURCHILL). 

Em 25 de outubro de 1945 fora criada a Organização das Nações Unidas (ONU). A ONU veio substituir a fracassada Liga das Nações (1919-1946), criada após a Primeira Guerra Mundial, no intuito de promover a união das nações pela paz. De fato a ONU também defendia o mesmo ideal. A organização tinha como uma das missões assegurar a paz mundial e a fraternidade entre as nações. Um dos grandes embates enfrentados pela ONU fora a criação do Estado de Israel em 1948, após uma guerra árabe-israelita que tomou a região um ano antes. 


Bandeira da ONU


O Plano Marshall e a Doutrina Truman
Harry S. Truman
Churchill havia perdido as eleições para se reeleger em 1945, e no mesmo ano nos EUA o presidente Roosevelt havia falecido, sendo substituído pelo vice, Harry S. Truman, o qual ordenou o lançamento das bombas. Em 1946, poucos meses após o fim da guerra, era chegado a hora de "limpar a sujeira" deixada por estes seis anos de conflitos. Muitos dos países da Europa, palco central do conflito, estavam em ruínas, e debilitados politico e economicamente. Muitas pessoas morreram, outras fugiram do país, o desemprego era alto, faltava energia, água, carvão e comida em alguns lugares; algumas cidades haviam sido destruídas; parte da população masculina europeia caiu drasticamente; milhões de pessoas haviam morrido pelo mundo devido a guerra. Até mesmo os EUA mesmo tendo saído vitorioso, apresentou queda na economia, devido que o mercado europeu estava abalado. Do outro lado do mundo, a URSS também vivenciava questões semelhantes. Embora tenha saído vitoriosa, cerca de 20 milhões de soviéticos haviam morrido, cidades foram destruídas, campos arruinados, pessoas desabrigadas, o desemprego crescera, etc. Em suma, os principais países que estiveram a frente da guerra, saíram com perdas, uns mais e outro menos. 

"O inicio de 1947 fora o pior momento do mais terrível inverno do após-guerra; o frio cortante daquele janeiro e fevereiro, a escassez de carvão (que obrigou ao racionamento até mesmo da iluminação e do aquecimento doméstico), o racionamento de alimentos, a interrupção dos transportes e o fechamento das fábricas, com o consequente e alarmante desemprego, a imediata queda nas exportações..." (BARROS, 1988, p. 23)

A guerra havia acabado, mais a disputas ainda se mantiveram. Durante a Conferência de Paz em Paris no verão de 1946, os Estados Unidos disputaram o controle das terras ao longo do rio Danúbio na Europa, os soviéticos saíram vencendo, porque possuíam tropas que estavam ocupando tais territórios. De qualquer forma, as disputas não terminaram por aí, outros países tiveram suas fronteiras redefinidas, e neste caso o que mais sofreu com isso fora a Alemanha, a qual fora dividida em quatro territórios, e nesse caso a capital Berlim, ficou dividida entre o lado ocidental e o lado oriental, onde no ocidente o capitalismo americano imperava pela reestruturação do país e quanto no oriente o socialismo soviético imperava também pela reestruturação do país. Tais embates econômicos, políticos, culturais e ideológicos se acirrariam pelos anos seguintes, até culminar com a criação do Muro de Berlim em 1961


Uma das medidas que os Estados Unidos encontrou já em 1947 para contornar esta crise econômica que afundava a Europa e ao mesmo tempo atrapalhava seus próprios interesses, fora garantir uma ajuda financeira a estes países, tal ajuda ficou conhecida como o Plano Marshall. Concebido pelo Secretário de Estado, George Marshall, o plano preconizava basicamente o empréstimo de dinheiro e outros recursos a nações escolhidas. O valor dependeria da averiguação feita a respeito das necessidades de cada país. O plano vigorou de 1948 a 1951, tendo conseguido reerguer a economia de muitos destes países. 
Países ajudados pelo Plano Marshall (1948-1951). As barras azuis representam  a proporção de dinheiro investido


Se por um lado o Plano Marshall fora a saída econômica mais rápida encontrada, ainda em 1947, o presidente Truman criaria o que ficou conhecido como a Doutrina Truman. A doutrina é a expressão que designa um conjunto de medidas politicas ordenadas pelo presidente Harry Truman durante seu mandato de 1945 a 1953, nesse caso, passa-se a definir o inicio da "doutrina" a partir das medidas tomadas a partir de 1947, onde qual se incluíram a oficialização do Plano Marshall, o apoio a Grécia, Turquia, China, Japão e outros países. Nesse caso, tal apoio visava o interesse de evitar que tais países caíssem nas mãos dos comunistas.


Embora tivesse sido os próprios americanos que soltaram as bombas no Japão, os japoneses não viram outra escolha se não aceitar a ajuda de seu antigo inimigo. De fato, fora graças a intervenção e o apoio econômico estadunidense que o Japão conseguiu se reerguer do desastre nuclear e nos anos seguintes voltou a fortalecer sua economia até se tornar uma potência mundial. 


Outra das criações gerada pela doutrina, fora a criação da CIA (Central Intelligence Agency), criada em 1947. A CIA substituiu a OSS (Ofice of Strategic Services), criada em 1939, operando ao longo dos anos de guerra. A CIA passou a ocupar este lugar, e até hoje mantêm suas atividades internacionalmente. Mas no contexto da Guerra Fria, a CIA tivera um grande papel em combater o comunismo e evitar a sua propagação principalmente em território latino-americano.


Logotipo da CIA

Outra criação, fora a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 4 de abril de 1949. O tratado reunia os Estados Unidos, o Canadá e os países europeus capitalistas, numa aliança militar. (hoje a OTAN é composta   por vários países europeus, alguns que no passado foram comunistas. E além disso, também inclui um país da América do Sul, a Guiana Francesa).


"No acordo constaria que "um ataque armado contra qualquer membro da Aliança na Europa ou na América do Norte seria considerado como um ataque contra todos"; seu objetivo básico seria "a defesa coletiva das liberdades democráticas através de uma estreita colaboração politica e econômica". Dessa forma os líderes do Ocidente, da maneira mais solene e formal, advertiriam o mundo sobre a "realidade" da ameaça militar soviética". (BARROS, 1988, p. 27).
Bandeira da OTAN


Embora a ONU já existisse a quatro anos, os Estados Unidos e seus aliados não se viam totalmente seguros com as ações da ONU, e tal insegurança ficou visível quando decidiram criar a OTAN, com sede em Bruxelas na Bélgica. A suspeita de que um complô soviético se desenrolava na Rússia, onde o próprio Stalin planejava o próximo ataque, era uma ideia bem forte no mundo Ocidental, embora que de fato isso necessariamente não fosse verdade. Stalin desde que havia terminado a Segunda Guerra, adotou uma posição defensiva, a fim de reestruturar a União.

"Sem dúvida Stálin, como comunista, acreditava que o capitalismo seria inevitavelmente substituído pelo comunismo, e nessa medida qualquer coexistência dos dois sistemas não seria permanente. Contudo, os planejadores soviéticos não viam o capitalismo em crise no fim da Segunda Guerra Mundial. Não tinham dúvida de que ele continuaria por um longo tempo sob a hegemonia dos EUA, cuja riqueza e poder, enormemente aumentados, eram simplesmente óbvios demais (Loth, 1988, pp. 36-7). Isso na verdade, era o que a URSS suspeitava e receava. Sua postura básica após a guerra não era agressiva, mas defensiva". (HOBSBAWM, 2010, p. 230).

Marechal Tito

Enquanto os americanos se preocupavam de recuperar o "mundo capitalista" dos estragos da guerra, para se evitar que uma nova "grande depressão" viesse a acontecer, os soviéticos tentavam consolidar seus domínios na Europa Oriental, fato este que levou a intervenção americana na Grécia e na Turquia, mas de qualquer forma, nações como a Iugoslávia, a Tchecoslováquia, Finlândia, Bulgária e Polônia vivenciaram no ano de 1948 tumulto internos que preconizavam possíveis revoluções que derrubariam os então governantes. Em 1947 na chamada Conferência dos Nove Partidos, a qual reunira lideres comunistas franceses, italianos, iugoslavos, tchecos, poloneses, húngaros, romenos, búlgaros e russos, Stálin debateu acerca das ações que seriam tomadas para que tais países adotassem o socialismo e ingressassem na URSS. Nessa conferência fora criada o Kominform (Communist Information Bureau).

No caso da Iugoslávia, o país havia sofrido uma revolta interna, onde o grupo dos partisans priorizavam a implantação do comunismo no país. Assim um golpe de Estado fora dado e o primeiro-ministro Josip Broz Tito (1892-1980) fora elevado ao poder. O marechal Tito como era mais conhecido apresentou interesse em aceitar a adoção de um regime comunista, contudo Tito, recusou-se a abaixar a cabeça para as ordens de Stálin e a seguir restritamente as diretrizes impostas pelo Kominform, isso levou um desentendimento entre Tito e Stlin, acarretando na exclusão da Iugoslávia do Kominform e ao mesmo tempo a "rebeldia" de Tito levou que outros líderes fizessem o mesmo, logo alguns políticos na Polônia, Romênia, Finlândia etc, começaram a se rebelar contra as exigências da URSS, embora que tais nações não negassem o fato de aceitarem o comunismo.

Fotografia do marechal Tito, em 1971.

"Entre outras coisas, o regime de Tito era acusado de manter no governo "elementos troskistas, bukharinistas e mencheviques", além de ser considerado "turcófilo e terrorista". Entre os partidos leais a Moscou tinha de ser difundida a ideia de que o titismo, longe de ser um movimento pela dignidade nacional, era uma heresia formada por traidores e agentes do imperialismo". (BARROS, 1988, p. 34).

Os desentendimentos da URSS com as nações socialistas da Europa Oriental fora uma boa noticia chegada aos ouvidos dos países capitalistas da Europa Ocidental e aos Estados Unidos, os quais enxergavam nessas dissidências o enfraquecimento da autoridade e do domínio soviético, e uma oportunidade de que tais países pudessem deixar o comunismo e voltar ao capitalismo. De fato, alguns não o fizeram, e esse fora o caso da Iugoslávia, onde em 1953 Tito fora eleito oficialmente presidente da república, e permaneceu no cargo até a sua morte em 1980. Os partidários de Tito, foram chamados de "titistas" e posteriormente passaram a serem combatidos pelos soviéticos, vistos como traidores do ideal comunista.

"Fez com que, a exemplo dos soviéticos, todos os governos da Europa Oriental retirassem seus conselheiros e enviados especiais da Iugoslávia; promoveu intensas manobras militares em suas fronteiras e incentivou os mais variados "incidentes" diplomáticos, envolvendo a região. E, sobretudo, redobrou a vigilância nos países do Leste, caçando "titistas" em todos os cantos". (BARROS, 1988, p. 34).

Mas se por um lado o "titismo" se espalhava como uma onda de rebeldia pela Europa Oriental, e isso era algo que debilitava a influência da URSS a década de 40 terminaria com duas noticias alarmantes. Em 29 de agosto de 1949, a URSS oficializava ao mundo o teste satisfatório de sua primeira bomba atômica. Os americanos perderam sua hegemonia como únicos detentores de armamentos nuclear, nos anos seguintes os soviéticos investiriam massivamente na produção de armas nucleares e em outras áreas da indústria bélica, a corrida armamentista retornava mais agressiva do que fora antes da Segunda Guerra.


Revolução Chinesa

Mas se por um lado, os americanos tiveram a confirmação do já suposto armamento nuclear que os soviéticos possuíam, o outro acontecimento que ocorreria ainda em 1949, surpreendeu tanto os americanos e seus aliados quanto a própria URSS. A guerra civil que corroía a China desde o final da Segunda Guerra culminou em outubro de 49 numa revolução comunista. 

Há três anos uma disputa interna abalava a China, os nacionalistas, os quais representavam o Partido Nacionalista Chinês (Kuomintang) eram apoiados pelos americanos a fim de combater as ameaças do Partido Comunista Chinês (PCC) o qual com o término da guerra voltou mais forte do que nunca. Embora, a China tivesse sofrido muitas baixas durante a guerra, e contou principalmente com a ajuda americana, o apoio americano nos anos seguintes não conseguiu impedir a derrota do Kuomintang para os comunistas. O Exército de Libertação Popular dos comunistas pôs a baixo as tropas indisciplinadas do Kuomintang, e ao mesmo tempo os comunistas conseguiram o apoio do povo, já que o então governo não conseguira retirar o país da miséria que ele se encontrava desde o período da guerra. A China, afundava em crises políticas, econômicas e o governo era taxado de corrupto. A inflação corroía as finanças do país, aumentando o valor dos produtos, o desemprego e o índice de pobreza. De fato, parte da população cogitava que o comunismo seria uma solução para se sair deste caótico cenário. A "guerra de libertação" como os comunistas a chamaram, culminou com a sua vitória.

Mao Tsé-tung

"Mas o acontecimento mais importante para as relações internacionais do pós-guerra, e para a própria História da Ásia contemporânea, foi o estabelecimento da República Popular da China. Quando as forças revolucionárias chinesas tomaram a cidade de Cantão, no dia 14 de outubro de 1949, destruindo o último refúgio do decadente regime político de Chiang Kai-Shek na China continental (financiado pelos EUA), estavam cumprindo a etapa final de um longo processo histórico e abrindo uma nova era para o grande país asiático. Sob liderança de Mao Tsé-tung e do Partido Comunista Chinês, os revolucionários vencedores haviam lutado a mais prolongada guerra civil de nosso século, e com sua vitória causaram a maior ruptura individual no capitalismo internacional desde a revolução de outubro de 1917". (BARROS, 1988, p. 46). 

Com a vitória do PCC, Mao Tsé-tung (1893-1976) proclamou a República Popular da China, se tornando seu primeiro presidente. Mao, governaria o país pelos próximos 27 anos, gerando profundas reformas políticas, econômicas, sociais e culturais. Embora Mao não vivesse o suficiente para ver o país se reerguer economicamente, isso a partir dos anos 90, hoje a China ainda conserva o nome de República Popular da China, e mantêm a ideologia comunista, embora considera-se que a China adote uma política mista de mercado, fato este que o PIB (Produto Interno Bruto) chinês já é o segundo maior do mundo desde 2008, superando o Japão, o qual assumia o segundo lugar há alguns anos. 

Ainda em fins de 49, Mao viajou para Moscou e fora pessoalmente dá as boas noticias a Stálin o qual as recebera com grande entusiasmo. Stálin havia dado apoio ao PCC, mas não esperava que a revolução viesse tão de pressa. Nos próximos anos, a China seria a principal aliada da URSS, vindo até mesmo a desenvolver armas nucleares na década de 60, mas até o final da Guerra Fria, a relação entre as duas nações oscilaria. 

Anos 50

"Uma das consequências mais importantes da II Guerra Mundial foi a conversão dos Estados Unidos de uma grande potência em a grande potência. Ao mesmo tempo em que o restante dos participantes saíram desvatados e esgotados pelo conflito, os EUA sofreram perdas muito pouco significativas. Além disso, desfrutavam de uma vantagem especial: haviam tomado parte de uma guerra internacional sem que seu território estivesse na destroçada área de luta. A guerra, com o necessário esforço econômico, trouxe opulência para a América, e em 1945 os Estados Unidos concentravam três quartos do capital invertidos no mundo e dois terços de sua capacidade industrial. O povo americano era mais rico e estava mais bem alimentado que qualquer dos povos europeus: enquanto nenhum deles superava os 800 dólares de renda per capita, nos EUA se havia alcançado praticamente os 1.500 dólares. E, como se não bastasse, a América era a mais poderosa potência militar do mundo, mantendo um absoluto monopólio nuclear". (BARROS, 1988, p. 54).

Mas toda esta pompa americana sofreria reveses ao longo da década de 50. Adentrando a nova década, os Estados Unidos, haviam perdido sua hegemonia como detentores de armas nucleares, para os soviéticos em 49 e ao longo da década para outros países europeus. Não obstante, a Revolução Chinesa fora algo que os americanos não contavam para os seus planos na Ásia. Parecia que as revoltas na Europa Oriental, foram coisa de momento, que a URSS não estava tão fraca assim como aparentava, e agora havia ganho um grande aliado.

Mas os anos 50 se iniciaram com uma péssima notícia. Embora a Europa Ocidental estivesse se recuperando dos prejuízos da II Guerra, uma nova guerra eclodiria no mundo, a primeira guerra durante este período, a Guerra da Coréia. 


Guerra da Coréia 
(1950-1953)

"A eclosão da guerra da Coréia, no dia 25 de junho de 1950, dominou as relações internacionais no inicio da década e aprofundou ainda mais as tensões da Guerra Fria. Suas raízes estão nos acontecimentos que se seguiram à rendição japonesa, em agosto de 1945. Naquele momento, os Estados Unidos e a URSS concordaram em dividir a Coréia, numa demarcação estritamente militar ao longo do paralelo 38, cujo objetivo formal era facilitar a rendição das forças japonesas". (BARROS, 1988, p. 50).

Em 1947 uma das questões que eram debatidas nas mesas-redondas da ONU dizia respeito a separação ou não da Coréia em dois Estados. A maioria votava que o país continuasse unificado, e que eleições presidenciais ocorressem em 1948. De fato, as eleições ocorreram e o candidato eleito fora o nacionalista Synghman Rhee. Rhee criou a República da Coréia, um Estado unificado. Contudo os soviéticos consideraram que tais eleições foram fraudulentas, que os americanos, os quais apoiavam a candidatura de Rhee, manipularam os resultados. Assim, ainda no mesmo ano, na cidade de Pyong-Yang no norte do país, o líder guerrilheiro e revolucionário Kim Il Sung (ver imagem), subiu ao poder se elegendo como primeiro-ministro da República Popular Democrática da Coréia, com intenções socialistas. 

As tensões entre as duas Coreias foram piorando no ano seguinte, até que em 1950, o presidente Kim Il Sung (1912-1994) acusou os sul-coreanos de terem invadido o seu território e causado alguns estragos, em resposta a tais ataques, Kim il Sung ordenou que seus exércitos invadissem a República da Coréia. A invasão ocorreu no final de junho e em 3 de julho a capital sul-coreana, Seul havia sido tomada pelos norte-coreanos. Em resposta a este ataque, os Estados Unidos que eram aliados dos sul-coreanos decidiram entrar na briga, enviando navio e homens que estavam no Japão para a Coréia. A guerra havia se iniciado.

No final de julho a Austrália declarou abertamente que daria apoio aos americanos e aos sul-coreanos, enviando tropas para o país. No final do ano de 1950, os exércitos norte-coreanos haviam recuado até o norte, sendo seguidos de perto pelos sul-coreanos, americanos e australianos. A guerra prosseguiu pelo ano de 1951.

"A guerra local converteu-se numa conflagração internacional e durante três anos ameaçou redundar em hostilidades regulares entre a América e a China, ou mesmo degenerar numa guerra mundial e nuclear". (BARROS, 1988, p. 51).

Embora, Stálin evitasse de tomar partido direto do confronto na Coréia, Mao Tsé-tung não fizera o mesmo. Mao declarou abertamente seu apoio aos norte-coreanos, e enviou tropas chinesas para apoiá-los. Mao via na Coréia uma oportunidade de prolongamento da revolução comunista iniciada na China no ano de 1949, e ao mesmo tempo, tornado a Coréia uma nação unificada sob a égide do comunismo, isso garantiria para si proteção a mais contra o Japão, o qual visivelmente se tornara capitalista sob o protetorado dos estadunidenses. 

Em 1952, a ONU tentou por um fim na guerra, fazendo propostas de paz para as duas Coreias  a China e Estados Unidos. A República da Coréia e os Estados Unidos aceitaram as propostas, mas os norte-coreanos e os chineses as recusaram. Em retaliação, os países da OTAN seguiram em frente com o seu acordo em se defender qualquer um dos membros, assim embora não tendo enviado tropas em si, forneceram recursos e outros apoios aos americanos, sul-coreanos, australianos e aos neozelandeses que também passaram a intervir no conflito. O ano de 1952, fora marcado por muitas perdas, a frente do sul a qual havia tomado quase todo o território norte-coreano recuou abruptamente após a investida dos tanques chineses, as tropas sulistas recuaram até o paralelo 38. O general MacArthur (responsável pela administração americana no Japão) o qual estava a frente do comando das tropas americanas na Coréia, cogitou até mesmo que ainda no ano de 1951 e 1952, fossem enviados aviões para bombardearem toda a Manchúria, contudo o presidente Truman se negou totalmente a tal posicionamento. A Manchúria era uma das regiões mais densamente povoadas da China e ainda continua sendo. Um ataque aéreo com bombardeios, implicaria na morte de centenas de milhares de pessoas, muitos seriam apenas civis sem nenhum envolvimento com o conflito. 

Mas, por sorte, as negociações entre os dois lados foram dando certo, e em 28 de março de 1953, as duas Coreias aceitaram as propostas da ONU para por um fim nesta guerra. Em 27 de julho fora posto um fim na guerra, contudo as Coreias se mantiveram separadas, mantendo o paralelo 38 com fronteira entre seus territórios, e até hoje tal separação se mantêm. A Coréia do Sul, encarna o capitalismo, como um dos "tigres asiáticos" e quanto a Coréia do Norte, vive seu isolamento como nação comunista. 

Embora a guerra tenha durado apenas 3 anos as perdas foram elevadas. Estimasse que os sul-coreanos tenham perdido 300 mil soldados; os americanos 142 mil, e os de mais aliados algo em torno de 24 mil. Já no outro lado, estimativas da ONU, apontaram que algo entre, 1,5 a 2 milhões de norte-coreanos e chineses pereceram no conflito, e somando-se as perdas militares, algo em torno de 1 milhão de civis tenham perecido em ambos os lados. No final, a guerra custou a perda de quase 3,5 milhões de vidas. Kim Il Sung governou a Coréia do Norte até a sua morte em 1994. 


A morte de Stalin e a desestanilização

A guerra da Coréia terminou em 27 de julho, contudo, três meses antes da guerra chegar ao fim, a URSS era abalada com uma trágica notícia. O grande líder comunista Josef Stálin havia falecido aos 74 anos em 5 de março de 1953. As causas de sua morte ainda são debatidas, uns apontam que ele morrera de um derrame cerebral, outros suspeitam que ele tenha morrido de causas naturais, outros sugerem que ele talvez tivesse sido assassinado, e alguns levantam a possibilidade de suicídio através de envenenamento. De qualquer forma um grande dilema assolou o mundo comunista, o que seria agora do futuro da URSS, quem seria o novo líder, o sucessor de Stalin. Logo após a sua morte seu corpo fora levado em um pomposo cortejo pela Praça Vermelha em Moscou em direção ao Mausoléu de Lenin, onde Stalin dividiria o local de descanso com o corpo mumificado de seu outrora amigo. Stalin embora tenha sido um ditador e até mesmo um tirano, isso mesmo para os próprios comunistas, como seria revelado anos mais tarde acerca dos crimes que cometera ao longo de seus 27 anos de governo (1922-1953), ainda assim, para muitos ele era um herói como Lenin havia sido. Mas este heroísmo teria vida curta.

"Após a morte de Stalin, George Malenkov assumiu primeiro os dois postos mais importantes do país, ambos detidos anteriormente por Stalin, tornando-se Premier da União Soviética e Primeiro Secretário do Partido Comunista. Duas semanas depois entretanto, Malenkov deixava a liderança do Partido Comunista, provavelmente sob pressão de seus pares". (ROTHBERG, 1972, p. 18).

Posteriormente o chefe da polícia secreta russa, Lavrenty Beria tentou tomar o poder entre março e junho de 1953, contudo não conseguira fazê-lo, e acabou sendo executado em junho do mesmo ano. Malenkov permaneceu no cargo de Premier, até que em setembro o politico, Nikita Khrushchev assumiu como Secretário do Partido Comunista. A partir deste dia em diante, os dois iniciariam um embate, Khruschev tentaria derrubar Malikov do poder.
No ano de 1954 fora criada a KGB (Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti), Comitê de Segurança do Estado, conhecido mais como a polícia-secreta soviética, atuou até o ano de 1991, e fora o contra-peso as ações da CIA dos americanos. 

Ao longo de seu breve mandato, Malenkov priorizou uma politica com tendência liberais, e no aumento da produção de bens de consumo a fim de melhorar os padrões de vida dos povos soviéticos. Contudo, nem todos concordavam com essa tendência de Malenkov e outras que o mesmo revelou ao longo do ano seguinte. Khrushchev enquanto isso, se aliou com Vyacheslav Molotov e Lazar Kaganovich, velhos defensores da politica de Stalin. Em 1955, conseguiu derrubar Malenkov e indicar Nikolai Bulganin para sucedê-lo. Mas o primeiro grande golpe de Khrushchev viria no ano seguinte durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS).

Nikita Khrushchev

"Para que Khrushchev e as forças que o apoiavam permanecessem no poder e atuassem com eficiência, teriam de enfrentar novos problemas - problemas que só em parte eram devidos à morte de Stalin. Os dois mais importante eram a ineficiência de grande parte do sistema econômico soviético e a apatia e a resistência políticas do povo. Impunham-se um "novo rumo", uma mudança completa da velha e autoritária (estalinista) burocracia centralizada e de seus métodos, e a introdução de nova iniciativa e flexibilidade na organização econômica, para atender às exigências de uma tecnologia atômica, eletrônica e espacial". (ROTHBERG, 1972, p. 19).

Uma das formas para se conseguir levar à cabo tais metas era conseguir a cooperação e o apoio do povo, e para isso Khrushchev deu inicio a "desestanilização", ou seja, aposentar os sistema criado pro Stalin e inaugurar um sistema novo e mais eficiente, isso também incluía a desmitificação de Stalin como um herói do povo soviético.

Quando ocorrera o XX Congresso do PCUS em fevereiro de 1956, Khrushchev em sua fala, declarou o chamado "discurso secreto" onde ele revelou ao povo muitos dos crimes que Stalin cometera ao longo de seu mandato. A revelação dos "horrores" cometidos por Stalin era uma forma bem persuasiva de tentar apagar a imagem de bom homem e herói que lhe era feita. Embora a iniciativa de se revelar tais fatos fosse algo secreto, tais informações acabaram vazando e cinco meses depois, em Washignton, os americanos já distribuiam entre a CIA e outras estâncias do poder, uma versão resumida do "discurso secreto" o qual durou cinco horas e meia. Nesse ponto, os americanos aproveitaram a munição do inimigo contra eles mesmo, embora que revelar os crimes de Stalin para o mundo, necessariamente não causaria tanto efeito como seria quando Stalin ainda estava vivo. De qualquer forma as inciativas de Khrushchev de levar a modernização e reestruturação da URSS deram certo e em 1958, o próprio passou a assumir o cargo de Premier da URSS. 

"O objetivo das reformas era, então, a modernização e melhoria e não a democratização ou a liberalização, nem mesmo a liberalização muito limitada com que sonhavam muitos intelectuais soviéticos. O que os dirigentes soviéticos queriam fazer era induzir uma iniciativa e a responsabilidade em todos os níveis da economia, a fim de reformular a economia, de moda a atender ás necessidades da segunda metade do século XX". (ROTHBERG, 1972, p. 21). 

Eisenhower e o começo dos anos dourados


Em 1952 nos Estados Unidos ocorreram as eleições presidenciais, o então presidente Harry S. Truman terminaria seu mandato no ano seguinte, tendo sido responsável por manter a ordem no país após o fim da II Guerra e durante os primeiros anos da Guerra da Coréia. Seu sucessor fora o candidato republicano, Dwight David "Ike" Eisenhower (ver imagem), um veterano e herói da II Guerra. Eisenhower assumiu a presidência em janeiro de 1953, tendo como vice-presidente Richard Nixon (futuro presidente da república). Fora nos anos do governo de Eisenhower que a chamada "era de ouro do capital" ou os "anos dourados" tivera inicio. Embora, alguns historiadores aleguem que após o final da I Guerra até a Crise de 29, o capitalismo vivenciara um período de grande crescimento, outros preferem defender que de fato a era de prosperidade do capitalismo se iniciou nos anos 50, já que após a Crise de 29, a década de 30 ficou profundamente  marcada com a Grande Depressão nos Estados Unidos. 

Eisenhower havia comandado as tropas da OTAN durante a Guerra da Coréia em 1951, no ano seguinte após ter vencido as eleições, viajou de volta a Coréia para participar das negociações de paz. Em 1953, compareceu a assinatura do armistício em Pammunjon no dia 27 de julho. O presidente era visto não apenas como um herói da II Guerra, mas também como um homem preocupado com a ordem e a paz mundial, de fato ele tentou manter o equilibrio de forças com a URSS pelos anos seguintes, mas não negava que combateria a expansão do comunismo, e isso ficou bem claro em 1954 na Guatemala. 

Desde a criação da CIA em 1947, o presidente Truman vinha realizando missões pela América Latina a fim de conseguir o apoio dos países latinoamericanos, e ao mesmo tempo evitar que o comunismo se infiltrasse nestas terras, e tal fato fora crescendo e ficando mais forte ao longo da década de 50. Em 1950 ocorrera na Guatemala, pequeno país na América Central, eleições presidenciais, o candidato democrata Jacobo Arbenz venceu as eleições. Três anos depois, em fins de 1953, os americanos começaram a pressionar o governo de Arbenz suspeitando de que o mesmo fosse simpatizante dos soviéticos, e tivesse planos de servir como ponto de apoio para a URSS na América Latina. Arbenz negou todas as acusações, mesmo assim o governo de Washington não ficara convencido, e em junho de 1954, tropas americanas invadiram o país, vindo de Honduras, e posteriormente aviões vindos da Nicarágua e do Panamá bombardearam o país. Após dez dias de ataque, o presidente Jacobo Arbenz renunciou ao cargo. 

Os americanos haviam conseguido depor um governo eleito legalmente sob a acusação de estarem conspirando com os comunistas. Assim os Estados Unidos estavam por hora seguros de que os soviéticos se manteriam longe, porém as ações não terminariam por aí. Uma das formas que Eisenhower encontrou de convencer outros países tanto da América Latina, Europa, Ásia e África de que o comunismo era uma ameaça, fora através da divulgação do chamado "american way life" (estilo de vida americano). O "american way life" pregava a idolatria a pátria, o anticomunismo, o consumismo, o capitalismo, o trabalho, o heroísmo, etc. Nos anos 50, nos EUA os primeiros aparelhos de televisão começaram a serem vendidos em massa, logo a televisão se tornaria um dos principais meios de informação, ao lado do rádio, do cinema e das revistas. 

Nessa época notou-se uma profusão de bens de consumo por todo o país, logo surgiram estereótipos e referências, as pessoas comuns queriam se vestir, falar e agir como os astros do cinema e da televisão, isso tanto nos EUA como em outros países. Um bom pai de família, deveria ter um carro novo, uma televisão, geladeira e um fogão elétrico em casa, assim ele poderia ser classificado como bom trabalhador, bom pai e bom chefe de família. Se o mesmo não fizesse isso, seria visto como preguiçoso, negligente com a família, vagabundo, já que o ideal de família nos anos 50, era a família capitalista e consumista de classe média. A pujança de bens de consumo e outras facilidades que enriqueciam a vida, fora uma das "armas" encontradas pelos capitalistas para evitar que mais pessoas aderissem ao socialismo e ao comunismo.

O Capitão América fora criado em 1941, como ícone contra o Nazismo. Com o fim da II Guerra e o inicio da Guerra Fria, a personagem passou a combater outros inimigos, nos quais incluíam os comunistas.

"Nos países mais importantes do continente, como o Brasil, a penetração econômica e militar norte-americana modificou hábitos e costumes padrões de comportamento, consciência e linguagem. O Super-Homem e o Capitão América eram símbolos do bem, do way of life, da moralidade superior norte-americana. Em agosto de 1946, o general Eisenhower visitou o Rio de Janeiro, ostentando a auréola de libertador da Europa. O ex-chanceler Otávio Mangabeira, então deputado da UDN, beijou-lhe a mão, publicamente, numa atitude espetacular de humildade e servilismo, que o Congresso aprovou. Em 1947, escudado também na Doutrina Truman, o general Dutra tirou o PC brasileiro novamente na ilegalidade e desencadeou feroz repressão à classe operária". (BARROS, 1988, p. 67).

Embora o "american way of life" fosse uma propaganda enganosa em alguns aspectos, já que nos Estados Unidos havia um grande número de pessoas pobres, e a descriminação social e racial ainda eram enormes, a ideologia se impregnou e se difundiu e ainda hoje ela é visível. Quando dizemos "isso é de Primeiro Mundo", é uma alusão a esta ideologia, que fundamentou nas mentes das pessoas do Terceiro Mundo, que tudo que vem do Primeiro Mundo é melhor. Infelizmente tal noção ainda não se perdera totalmente. 

Eisenhower construiu em seu primeiro mandato um governo popular, no qua acarretou num grande crescimento econômico para o país, num grande desenvolvimento tecnológico e de bens de consumo, a fabricação e divulgação da ideologia do "american way of life", no combate ao comunismo, no apoio aos de mais países. Assim em 1956 ele e seu vice, Richard Nixon venceram com uma diferença folgada as eleições presidenciais. 

Mas a década de 50 terminaria com uma grande surpresa. Se em 1954 os Estados Unidos haviam intervindo na Guatemala temendo que o país se tornasse um foco difusor do comunismo na América Latina, eles fracassaram ao fazer o mesmo em Cuba.


Revolução Cubana

Se os anos 40 terminaram com uma revolução, os anos 50 não foram diferente. Para a surpresa do mundo, dez anos depois da revolução comunista na China liderada por Mao Tsé-tung, ocorreria dessa vez bem próximo dos Estados Unidos (um pouco mais de 150 km de distância da fronteira com o estado da Flórida) uma outra revolução, na pequena ilha de Cuba. De inicio não fora uma revolução comunista em si, mas poucos anos depois, Fidel Castro declararia o governo socialista em Cuba. 


De fato para entendermos como a revolução se dera, devemos retroceder a alguns fatos. Oficialmente a ilha chamada de Cuba fora descoberta por Cristóvão Colombo. A partir de 1510, a ilha passou a ser colonizada pela Espanha e  mantivera-se como colônia espanhola até o ano de 1898, contudo a Espanha só veio reconhecer a independência cubana alguns anos depois. A partir de 1902, Cuba se proclamou como uma república e passou a viver oficialmente como um governo independente e livre. Contudo, devido a um acordo feito com os americanos no ano de 1901, o país ficou dependente economicamente dos interesses dos EUA. A situação ficaria mais evidente durante os anos 30, quando os americanos dando apoio a candidatura de Fulgêncio Batista (na imagem), o mesmo passou a governar o país não de forma legal de 1933 a 1940, quando em 1940 fora eleito presidente da república. Batista apoiou plenamente os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. 

Fulgêncio governou até o ano de 1944, quando terminava o período de seu mandato. Contudo, em 1952, através de um golpe de Estado, apoiado novamente pelos americanos, o mesmo voltou a assumir o governo cubano, agora como um ditador autoritário. Nesse seu novo governo, o mesmo tratou de perseguir e eliminar a oposição, e até mesmo realizou um controle sobre a imprensa e outros meios, uma espécie de censura.

Fora a partir deste episódio das medidas tomadas por Fulgêncio Batista, que organizou-se um movimento revolucionário em 1953 o qual já contava com a participação direta de Fidel Castro. Na época, Fidel e outros partidários tentaram tomar dois quartéis, o Quartel de Moncada e o Quartel Bayamo, o assalto ocorrera no dia 26 de julho, porém a tentativa acabou fracassando e os rebeldes foram capturados e outros mortos. Fidel e seu irmão Raúl Castro foram presos alguns dias depois. Ambos foram condenados a passarem mais de dez anos na prisão, contudo em 1955, Batista fora pressionado pelo governo a fim de conceder anistia aos prisioneiros de guerra, a contra gosto ele cedeu e libertou todos, incluindo os irmãos Castro. Fidel e Raúl se exilaram no México, onde passaram a tramar um contra golpe para depor Fulgêncio Batista. Lá eles tiveram contato com importantes lideres revolucionários de esquerda, os quais traziam consigo a herança da Revolução Mexicana de 1910. Fora no México que eles conheceram o médico argentino Ernesto Rafael Guevara de la Serna (1928-1967), o qual ficaria conhecido como Che Guevara


Fidel e Raúl Castro

Che Guevara nutriu um forte sentimento pelo ideal pregado por Fidel e Raúl, logo o mesmo se identificou com a causa dos cubanos e passou a atuar junto dos mesmos nos ataques que começariam a ocorrer em 1956. Pelos próximos três anos, Fidel, Raúl, Che Guevara e outros formaram pequenas guerrilhas que passaram a atuar na zona rural e em pequenas cidades, logo eles ganharam o apoio do povo. Nesta época, Fidel não possuía necessariamente a ideia de implantar o socialismo ou o comunismo em Cuba, mas sim de se por um fim na ditadura de Fulgêncio e instaurar um governo democrático-liberal, livre do julgo americano. A base de operações das guerrilhas se localizava em Serra Maestria no sul da ilha, de onde aos poucos eles foram avançando e ganhando território até a capital Havana ao norte.

Em 1958, o governo estadunidense impusera um embargo no envio de armas para Fulgêncio, eles não queriam ver seu nome sujo, por estarem envolvidos numa possível guerra civil, fazia apenas seis anos que a Guerra da Coréia havia acabado, e os americanos tiveram mais de 200 mil baixas no conflito. Se meter em outra pequena guerra não era algo cogitado, além disso, nessa época o presidente Eisenhower estava fazendo a política da "boa vizinhança". 


Fidel e Che Guevara

Assim, nos últimos meses de 1958, os grupos guerrilheiros revolucionários conseguiram derrotar as tropas de Fulgêncio e no Natal de 58, realizaram um contra ataque que culminou na derrubada do ditador e em sua fuga, em 1 de janeiro de 1959. Ainda no mesmo ano, Fidel viajou aos Estados Unidos para explicar o fato ocorrido. Fulgêncio havia fugido, mas muito de seus seguidores que não conseguiram fugir ou foram presos ou foram executados. Fidel assumiu como Primeiro-ministro cubano, Raúl e Che assumiram também importantes cargos no governo, mas embora a revolução não tivesse imposto um regime comunista, os americanos não estavam totalmente satisfeitos em terem perdido seu controle sobre a ilha, já que Castro indicava não querer obedecer as ordens vindas de Washington D. C.

Em resposta a tal fato, tropas dominicanas enviadas pelo presidente da República Dominica, Rafael Trujillo invadiram Cuba em agosto de 59, tendo a missão de depor o governo revolucionário. Os dominicanos contavam com o apoio americano, já que os mesmos preferiram não agir abertamente neste momento, mas a realidade mudaria a partir de 1960. O ataque dos dominicanos fracassou, e o governo revolucionário conseguiu sobreviver seu primeiro ano.

Anos 60


EUA X URSS: A Crise dos misseis em Cuba

Se os anos 40 e 50 começaram com guerras, parecia que este karma ruim também viria para os anos 60. De fato, por pouco, uma Terceira Guerra Mundial não eclodiu nos idos dos anos 60. 

Em 1960 nos Estados Unidos ocorriam as eleições presidenciais, dentre os nomes cogitados para a presidência estavam no lado dos democratas o senador John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) e no lado dos republicanos, o vice-presidente de Eisenhower, Richard Nixon (1913-1994). As eleições foram muito disputadas, e Kennedy venceu por uma pequena margem de diferença. Ele venceu com um pouco mais de 112 mil votos do total de 69 milhões de votos. Contudo, alguns historiadores sugerem que em alguns estados houvera fraude eleitoral, mas de qualquer forma Kennedy se tornou presidente e cumpriu com o sonho de seu pai, John P. Kennedy (1888-1969), embaixador dos Estados Unidos e do Reino Unido. Uma das promessas que Kennedy havia feito em sua campanha não era necessariamente lutar contra a URSS, mas sim em assegurar a paz mundial e combater outros problemas que assolavam o mundo na década de 60.

"E, como disse seu biógrafo Arthur M. Schlesinger Jr., "embora Kennedy estivesse profundamente preocupado com o conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética, não o considerava como a fonte de todos os problemas da Humanidade". (BARROS, 1988, p. 73).

Desde 1958, quando Nikita Khrushchev assumira o cargo de Premier da URSS, o mesmo além de prosseguir com seu programa de "desestanilização", também prosseguia no intuito de uma campanha de desarmamento mundial, já que desde o final da II Guerra, várias nações no mundo estavam empreendendo massivos investimentos no setor bélico. Khrushchev apresentou sua defesa diante de discursos proferidos na ONU e em conversas com o presidente Eisenhower, assim parecia que o mundo por hora estava se acalmando.

Em 1961, John F. Kennedy assumiu seu cargo na Casa Branca, e a situação logo se inverteria com o incidente conhecido como a Invasão da Baía dos Porcos, ocorrido em Cuba. Como fora visto anteriormente, Após a revolução ter derrubado Fulgêncio Batista do poder em janeiro de 1959, um governo provisório se estruturou em Cuba ainda no ano de 59, mas já em 60, fora eleito para a presidência do país Manuel Urritia. Porém a situação econômica e social cubana em 1960 não era uma das melhores.

"A situação financeira era difícil, e o déficit, enorme. Mas a principal questão continuava a ser o problema agrário, pois 40% das terras cultivadas com a cana-de-açúcar haviam passado para a propriedade dos norte-americanos. Em 4 de junho de 1959, o novo governo decidiu empreender uma reforma agrária geral, e o confisco das propriedades dos plantadores norte-americanos alterou as relações com os Estados Unidos, que compravam 90% do açúcar da ilha. Em agosto de 1959 foram nacionalizadas as refinarias de açúcar, e em outubro , as refinarias de petróleo". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 7, p. 1721).


Esse e outros decretos econômicos decretados pelo governo cubano, levaram em outubro de 1960, os Estados Unidos decretarem um embargo comercial a ilha, logo o país estava proibido de comercializar com os cubanos e qualquer outro país que tentasse fazer o mesmo poderia ter seus produtos boicotados em território americano se houvesse acordos entre os mesmos. O embargo feito pelos Estados Unidos ainda perdura até os dias de hoje, contudo, muitos países hoje fazem comércio com Cuba, como a China, Brasil, Venezuela, Bolívia, etc, embora o comércio com os americanos ainda seja restrito.

Tal fato piorou a situação entre os dois países, e em 1961 os americanos tentaram derrubar Fidel Castro do poder. Embora Castro, não fosse o presidente do país, mas sim o primeiro-ministro, ele era o cabeça da politica cubana, e sua tendência de aderir ao socialismo se tornava cada vez mais clara. A situação entre os EUA e Cuba piorou quando em  1961, os americanos na tentativa de derrubarem o governo socialista cubano, planejaram um ataque ao país com grupos contrarrevolucionários e mercenários, contratados em outras nações da América Central, mas treinados pela própria CIA. O ataque se dera na Baía dos Porcos, onde por três dias as tropas contrarrevolucionárias combateram as tropas cubanas. Nessa época, Cuba já estava se aproximando cada vez mais da URSS e passou a contar com o apoio desta, assim a tentativa americana de tomar o poder fracassou. 

As tensões ainda em 1961 iriam piorar ainda mais. Khrushchev desaprovou totalmente as medidas tomadas por Kennedy a respeito de Cuba; no mês de agosto era erguido o Muro de Berlim; Mao Tsé-tung entrava em desentendimento com Khrushchev, nessa época os chineses já possuíam armas nucleares. Para piorar a situação, os estadunidenses haviam posicionados misseis na Turquia próximo as fronteiras da URSS, logo isso fora interpretado como um ato de ousadia e de ameaça, os soviéticos buscavam a paz, mas parecia que os americanos não estavam pensando no mesmo.

No ano seguinte, em resposta a ação americana, os soviéticos cogitaram por em prática um plano de instalar bases de misseis em Cuba, a fim de equilibrar a balança. No mês de outubro, John F. Kennedy recebera um relatório da CIA revelando através de mapas e fotografias áreas a localização de tais misseis. O presidente convocou um conselho urgentemente para se debater acerca da situação.

"Após uma intensa discussão com um pequeno grupo de conselheiros, o presidente norte-americano anunciou, em 22 de outubro, o bloqueio de todos os barcos que levavam material militar para Cuba e ameaçou tomar medidas ainda mais enérgicas se não fossem suprimidas todas as instalações de foguetes já existentes". (BARROS, 1988, p. 74-75).

Os dias que se seguiram ao bloqueio foram um dos mais tensos da história. Uma frota de navios russos que atravessa o Atlântico em direção a Cuba, chegaria em poucos dias a ilha, mas devido ao bloqueio feito pelos americanos, nenhum navio de guerra e cargueiro poderia passar o "cordão de isolamento" feito ao redor da ilha, se isso  acontecesse, tais navios seriam tomados e se fosse o caso seriam afundados. Os navios continuaram em direção a Cuba, Kennedy esperava que o governo soviético ordenasse que estes mudassem de rota, mas isso não ocorrera. Alguns dos conselheiros do presidente Kennedy, como seu Secretário de Defesa, Ministro da Guerra e alguns generais, cogitavam que um ataque fosse realizado novamente em Cuba para se destruir tais misseis, um "golpe cirúrgico". 

Mas se tal fato tivesse acontecido, inegavelmente a URSS teria declarado na hora guerra aos Estados Unidos e a Terceira Guerra Mundial teria eclodido. Os EUA sendo atacado, logo os países membros da OTAN iriam socorrê-lo, declarando guerra a URSS, em contra partida, Cuba possivelmente iria apoiar os soviéticos na guerra, embora contando com um pequeno exército, e nesse caso a Coréia do Norte e a China (mesmo estando "brigada" com a URSS) viria ao socorro. As principais cidades da América do Norte, Europa e da Ásia seriam bombardeadas com armas comuns e armas nucleares, o caos se instalaria nestes países e a medida que a guerra continuasse, crises econômicas, financeiras, politicas e sociais se espalhariam pelo Primeiro e Segundo Mundo, e logo atingiriam o Terceiro Mundo. 

Mas felizmente tal catástrofe não ocorreu. Em 28 de outubro de 1962, o premier Nikita Khrushchev enviou um telegrama concordando em aceitar as exigência de Kennedy. Os misseis não seriam implantados em Cuba e os que já existiam seria retirados. Além disso, Khrushchev cobrou que os americanos fizessem o mesmo a respeito da Turquia, e por fim outra exigência fora que os EUA não voltassem mais a tentar derrubar o governo cubano, que respeitassem a autonomia e a legalidade do mesmo. Não obstante, Fidel Castro além de realçar o seu desentendimento com os Estados Unidos, este também se desentendeu com os soviéticos, já que o mesmo fora "utilizado" pelos dois países, já que Fidel, não concordava com a iniciativa de se implantar armamento nuclear na ilha. Feito isso, a crise terminara, e os dias de outubro que abalaram o mundo com a ameaça de uma guerra nuclear se findaram. A crise havia acabado, mas a Guerra Fria, ainda estava longe de acabar.

Em junho de 1963 fora criada a chamada "linha quente", uma ligação telefônica que ligava diretamente Washington a Moscou, o qual passaria a permitir o contado direto e rápido entre as duas nações. "Este famoso "telefone vermelho" teve também um grande efeito simbólico, indicando que as superpotências eram capazes de dialogar para melhor defenderem seus interesses". (BARROS, 1988, p. 75). 

Ainda em 63, os EUA, a Grã-Bretanha e a URSS assinaram um acordo pondo fim nas experiências com armas nucleares na atmosfera e na água, contudo, nações como a China e a França se recusaram a assinar o tratado. 

Em 22 de dezembro de 1963, e uma visita a cidade de Dallas, capital do Texas, o presidente Kennedy andava em companhia de sua esposa Jacqueline Kennedy no automóvel presidencial conversível, quando o presidente fora assassinado com um tiro na cabeça, disparado por um rifle. A morte de Kennedy abalou o povo americano e parte do mundo, já que o mesmo era um dos chefes de Estado mais populares na época. Kennedy fora sucedido pelo seu vice-presidente Lyndon B. Johnson, o qual conseguiu vencer as eleições em 1964, passando a assumir a presidência efetivamente. 

Porém, enquanto a situação mudava nos Estados Unidos, na URSS, o mesmo viria a acontecer. Em 15 de outubro de 1964, fora noticiado mundialmente que o premier Nikita Khrushchev fora deposto de seu cargo. 

"Outros especialistas, entre os quais se situa com especial destaque o historiador Isaac Deutscher, afirmaram que Kruschev caiu, além de outras coisas, porque defendeu com zelo excessivo uma aproximação com os Estados Unidos e propagou esperançosamente, a todo mundo comunista, a "sensatez" latente da política oficial norte-americana". (BARROS, 1988, p. 76). 

A década de 60 chegaria a sua metade com o agravamento da Guerra do Vietnã a qual já vinha se desenrolando a quase dez anos. Contudo, antes do assassinato de Kennedy e a deposição de Krushchev, ambos os presidentes assinaram alguns acordos, perpetuando a cooperação, a diminuição da fabricação de armas, e outros acordos, que ficaram conhecidos como a política do détente (distensão, relaxamento). Tal política fora levada a frente até a década de 80, na Europa, mudanças significativas na posição de alguns países como fora o caso da França, governada pelo general De Gaulle, inverteu o apoio tradicional aos americanos. Embora que o episódio da Guerra do Vietnã pusera em xeque tal "relaxamento". 

Guerra do Vietnã 
(1955-1975)


Durante a II Guerra, o Vietnã fora atacado pelos japoneses, o país saiu da guerra em péssimas condições, mas a situação só estava por piorar. Dissidências internas levaram o país a uma guerra civil, onde frentes do sul e do norte do país se confrontaram para expulsarem os franceses, já que até então o Vietnã era uma colônia francesa. O líder do Vietminh, Ho Chi Minh combateu os franceses por longos anos, até que em 1954, os franceses foram derrotados em Dien Bien Phu.

Mesmo a França tendo concordado em reconhecer a independência do Vietnã e retirar suas tropas, o norte e sul do país possuíam ideias bem divergentes quanto ao futuro da nação, fato este que havia uma divisão bem clara entre as duas metades do país. O norte viabilizava seguir uma vertente socialista e se aliar a URSS, o sul pretendia seguir o capitalismo e não necessariamente se aliar aos Estados Unidos. O impasse fora resolvido de primeira parte ainda no ano de 1954, no dia 21 de julho na Conferência de Genebra. Na Conferência, decidiu-se que o país seria dividido no paralelo 17, onde ao norte formou-se a República Democrática do Vietnã e no sul formou-se o Império do Vietnã, contudo as decisões tomadas em 54, também preconizavam que tais medidas eram apenas temporárias, que no ano de 1956 deveria ocorrer uma votação para se decidir pela unificação do país. Porém tal referendo não veio a acontecer. 

Mapa da divisão entre o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul (1954-1976)

Em 1955 o imperador Bao Dai, fora deposto por um golpe de Estado liderado por Ngo Dinh Diem (na imagem) o qual pôs fim ao império e instituiu a República do Vietnã do Sul. Ao mesmo tempo, elegendo-se como presidente do país. Ngo Dinh Diem cancelou o referendo e decidiu caçar os comunistas, a fim de conquistar o norte. Embora o referendo cogitasse a votação acerca da unificação do país, ele também cogitava a votação para manter a divisão do país, Diem preferiu agir através da luta armada para levar à cabo a reunificação do Vietnã. Em 1959, os EUA passaram a dá apoio ao Vietnã do Norte para se defenderem dos ataques do sul, os quais foram tidos como atos de terrorismo. Mesmo o norte tendo em mente uma iniciativa socialista, os americanos decidiram agir para evitar que a guerra se alastra-se e viesse a durar mais tempo e levar a uma divisão completa do país, assim como ocorrera com a Coréia, seis anos antes. 

O conflito continuou até 1963, o presidente Kennedy decidiu intervir no país, ele temia que em caso não fizesse isso, o norte conquistaria o sul, logo todo o país estaria sob as mãos dos comunistas, embora que anteriormente os americanos tivessem dado apoio ao norte. Assim, num golpe de Estado, Diem fora deposto e posteriormente executado. No mesmo ano, seu braço direito, que era o seu irmão Ngo Dinh Nhu também fora executado. Posto fim a ditadura de Diem, os americanos passaram a dá apoio a um governo provisório composto por um conselho. Mas a situação se complicaria, quando um navio americano no ano de 1964 afundou alguns navios norte-vietnamitas, tal fato fora chamado de o Incidente do Golfo de Tonkin, o qual serviu de pretexto para que o então presidente norte-americano Lyndon Johnson decretasse o envio de mais tropas para o Vietnã do Sul. Em 1965, aviões bombardeiros americanos atacaram algumas cidades do Vietnã do Norte, era chegada a hora de intervir e por um fim nesta guerra, contudo, a guerra só viria acabar dez anos depois. 

Durante o período da Guerra do Vietnã, ainda nos primeiros anos, enquanto as tropas ainda estavam com a moral alta, surgiu um novo herói para levantar os ânimos americanos nessa empreitada contra o comunismo. Tal herói fora o Homem de Ferro, criado em 1963 por Stan Lee e Don Heck. Assim como o Capitão América tivera seu papel durante o contexto da Segunda Guerra, o Homem de Ferro tivera o mesmo durante a Guerra do Vietnã e a própria Guerra Fria. 

O Homem de Ferro surgiu em meio ao contexto da Guerra do Vietnã, onde o mesmo foi capturado pelos vietcongues e forçado a fabricar armas para eles, no entanto, ele fabrica uma armadura, a qual passa a utilizar para lutar na guerra contra o vietcongues e a ameaça comunista.

A partir de 1965 em diante, a intervenção americana fora crescendo e oficialmente o país estava em guerra contra o Vietnã do Norte. No ano de 1968, cerca de 545 mil soldados americanos foram transferidos para o Vietnã, a guerra ficava cada vez mais acirrada. A URSS e a China passaram a dá apoio ao norte, enquanto isso, países como a Austrália, Nova Zelândia, Coréia do Sul e Tailândia forneceram apoio aos Estados Unidos e aos sul-vietnamitas. 

A guerra só iria piorar nos anos seguintes, grandes partes do país foram bombardeadas ou destruídas com napalm (arma incendiária). A guerra também acabou se alastrando, deixando o território dos dois Vietnãs e adentrando os territórios vizinhos do Camboja e do Laos. Mesmo os americanos estando em maior número e bem mais armados, as densas florestas tropicais vietnamitas se mostraram como um campo de batalha desafiante. Os vietcongues do norte, conheciam bem as florestas, e assim conseguiram mesmo em menor número arruinar muitos batalhões e tropas norte-americanas. Em 1968, o então presidente Richard Nixon, após várias perdas de soldados americanos no país, decidiu iniciar um movimento para retirar as tropas gradativamente, somava-se a isso, os horrores da guerra transmitidos pelos veículos de comunicação, faziam as organizações mundiais agirem para por fim a este conflito. No caso dos Estados Unidos, o povo americano estava descontente pelo país ainda se manter numa guerra que não era deles. Centenas de milhares de jovens americanos nunca mais voltaram para suas famílias. Nos Vietnãs, centenas de milhares de pessoas, militares e civis já haviam morrido desde 1955, e a década de 60 fora a mais sangrenta para a guerra. 

Ainda em 1968, conversações pelo um armistício passaram a serem mais frequentes, e em 1973 os Estados Unidos retiraram suas tropas do país, os últimos homens saíram em 1974. Com isso, o Vietnã do Sul estava desprotegido e no ano seguinte, o então presidente Thieu abandonou a capital Saigon, ele fora sucedido pelo general Duong Van Minh em 21 de abril. Com a desistência do antigo presidente, a defesa fraca da capital, os líderes do norte, Quang Tri, Huê e Da Nang marcharam com suas tropas e tomaram em 30 de abril a cidade de Saigon (atualmente Ho Chi Minh). Com a vitória do norte, o país fora unificado e tornando-se a República Socialista do Vietnã, conservando-se até os dias de hoje como um país socialista.

A guerra deixou um saldo de mais de 4 milhões de mortos, cerca de 1 milhão de feridos e algumas dezenas de milhares de desaparecidos. Os americanos foram os que mais sofreram baixas, um pouco mais de meio milhão de soldados mortos. Em 1978, os vietnamitas invadiram o Camboja, mas passaram a serem atacados pelos chineses devido a seu ato de agressão, os combates perduraram ao longo de 1979. Os Estados Unidos, mais uma vez saíram derrotados, não conseguiram unificar as Coréias, e não conseguiram vencer uma guerra que para eles duraria pouco tempo. 

Pan-africanismo e a descolonização da África 


Pan-africanismo é o termo que designa um conjunto de ações promovidas por distintos órgãos e entidades que atuam na promoção política, social e cultural, que procurou garantir os direitos dos povos africanos e seus descendentes espalhados no mundo, promovendo seus direitos sociais, civis e recuperando sua identidade cultural; não obstante, os movimentos também lutaram pelo fim do neocolonialismo em África e a emancipação das nações africanas.

O pan-africanismo surgiu entre os séculos XVIII e XIX no Novo Mundo, como uma resposta dos escravos africanos, na tentativa de promover o fim da escravidão, o fim do tráfico negreiro, o fim da exploração colonial no continente africano e o reconhecimento dos negros e de sua cultura. Em si, até o século XX, o pan-africanismo não imperava com força sobre a África, suas ideias e idealizadores se encontravam nas Américas e na Europa, mas fora a partir de 1935, que o movimento desencadeou a formação de vários outros movimentos de mesmo caráter pelo continente africano, o grande motivo para tal fato ter acontecido fora a invasão do Império Etíope (Abissínia) em 1935 por exércitos italianos. O Império Etíope existia desde o século XII e governou de forma ininterrupta por mais de sete séculos até que o país fora tomado pelos italianos em 1936 e o rei deposto. 

Nessa época a Itália era liderada pelo ditador fascista Benito Mussolini, o qual como outros governantes da Europa tinha a pretensão de aumentar seus domínios coloniais. A tomada do único país livre do continente africano desencadeou a revolta dos povos africanos ligados aos movimentos pan-africanistas, logo um surto de ações surgiram pelo continente a fim de promoverem o fim do neocolonialismo e a independência destas nações. 

Mapa com as colônias europeias e o Estados Unidos no final do século XIX

Em 1939 eclodiu a Segunda Guerra Mundial, em 1941, a Itália abandou o domínio sobre a Etiópia e o rei Haile Selassie (conhecido também pelo título de Ras tafari) reassumiu o poder. Mas o segundo grande marco do pan-africanismo viria no ano de 1945, com o V Congresso Pan-africano, ocorrido em Manchester na Inglaterra. 

As deliberações e principalmente as resoluções do congresso de Manchester estavam marcadas por um tom mais pugnaz e radical, comparativamente aos congressos precedentes. As declarações dirigidas as potencias coloniais exigiam, especialmente:


  1. A emancipação e a total independência dos africanos e dos outros grupos raciais submetidos a dominação das potencias europeias, as quais pretendiam exercer, sobre eles, um poder soberano ou um direito de tutela;
  2. A revogação imediata de todas as leis raciais e outras leis discriminatórias;
  3. A liberdade de expressão, de associação e de reunião, bem como a liberdade de imprensa;
  4. A abolição do trabalho forcado e a igualdade de salários para um trabalho equivalente;
  5. O direito ao voto e a elegibilidade para todo homem ou mulher com idade a partir de vinte um anos;
  6. O acesso de todos os cidadãos a assistência medica, a seguridade social e a educação.
"Simultaneamente, em uma declaração dirigida ao povo africano, os representantes enfatizaram o fato da luta pela independência política ser somente a primeira etapa e o meio para se atingir a completa emancipação nas esferas econômica, cultural e psicológica. Eles exortaram a população das cidades e dos campos africanos, os intelectuais e os profissionais liberais a se unirem, organizarem-se e lutarem até a absoluta independência. Em suma, o quinto Congresso tornou o pan-africanismo uma ideologia de massas, elaborada pelos africanos e em seu próprio favor. Inicialmente ideologia reformista e protestante em favor das populações de origem africana, habitantes na America, o pan-africanismo tornara-se uma ideologia nacionalista orientada para a libertação do continente africano". (KODJO; CHANAIWA, 2010, p. 899).



Ao longo da década de 50 e 60 os movimentos pan-africanistas na África, no Estados Unidos e na Europa cresceriam cada vez mais, e ao mesmo tempo seriam períodos em que muitos africanos de distintos países deixariam suas terras natais para tentarem a vida nos EUA e na Europa. Seria um período de diáspora africana voluntária. Nos Estados Unidos, dois grandes representantes da luta pelos direitos dos negros foram o pastor Martin Luther King Jr (1929-1968), ganhador do Nobel da Paz em 1964 e o ativista Malcolm X (1925-1965), ambos fora assassinados. 




"Crescente número de africanos, impelidos pelo desejo de escaparem a opressão econômica e política, emigrou para as capitais europeias. Eles vem principalmente das colônias francesas da África do Norte e das colônias belgas; milhares de argelinos estabeleceram-se especialmente na Franca durante este período: no curso da guerra da Argélia, havia na Franca cerca de 450.000 argelinos e pouquíssimos retornaram a sua terra natal4. A necessidade de formação superior explica, igualmente, boa parte das emigrações africanas, quase todas as potências coloniais desinteressaram-se pelo ensino universitário na África. O numero de estudantes africanos inscritos nas universidades europeias e americanas cresce de modo intenso, entre 1935 e 1960, e muitos dentre eles não mais retornam ao seu país de origem". (HARRIS; ZEGHIDOUR, 2010, p. 850-851).



"A primeira Conferência dos Povos Africanos, sediada em Accra no mês de dezembro de 1958, reuniu duzentos e cinquenta delegados e muitos observadores. Ela tinha como temas o anticolonialismo, o antimperialismo, o antirracismo, a unidade africana e o não alinhamento". (KODJO; CHANAIWA, 2010, p. 901).




"Igualmente, organizou sem delongas vários congressos pan-africanos. Estes encontros foram inaugurados, como vimos, pela primeira Conferencia dos Estados Africanos Independentes, realizada em abril de 1958, na capital Accra, sede de Gana Independente. Participaram desta conferencia o Egito, a Etiópia, Gana, Libéria, Marrocos, o Sudão e a Tunísia, assim como grande numero de delegados que haviam assistido ao quinto Congresso Pan-africano. A ordem do dia e as resoluções da conferencia de Accra abordaram, essencialmente, as relações entre os países africanos independentes, o apoio aos movimentos de libertação em toda a África, as relações entre a África independente e as Nações Unidas, e os meios possíveis para colocar a África ao abrigo das fissuras provocadas pela Guerra Fria, iniciada entre o Leste e o Oeste. Esta conferencia identificou os principais temas que o pan-africanismo deveria desenvolver na era da independência; ela lançou, sem duvida, as bases para a Organização da Unidade Africana (OUA), estabelecendo princípios, tais como, o primado da independência política, o apoio aos movimentos de libertação, a formação de uma frente única no seio da Organização das Nações Unidas e o não alinhamento". (KODJO; CHANAIWA, 2010, p. 900).



Os resultados começaram a surgirem a partir da década de 60, onde em 63 fora criada a OUA, Organização da Unidade Africana (atualmente União Africana). A partir dos anos 60, várias nações começariam a ganhar sua independência, embora já houvessem algumas poucas que haviam conseguido isso ainda nos anos 50. Contudo a medida que tais nações iam se tornando independentes, conflitos internos pela direção do país começaram a eclodir e logo levaram a guerras civis que duraram até os anos 90. Outros problemas enfrentados pela OUA e as de mais organizações fora tratar dos países recém independentes, ajudar nos problemas políticos, econômicos e sociais, levar a educação, saúde e cultura, combater o racismo, nesse caso o maior representante do racismo no continente africano fora a política de segregação racial imposta na África do Sul, chamada de Apartheid, o qual prevaleceu de 1948 a 1994. 

Mas, de qualquer forma a preocupação dos norte-americanos e dos soviéticos a respeito da África nessa época se tornaram maiores após tais países se tornarem independentes. Agora sem mais a proteção das metrópoles capitalistas europeias, tais nações estariam suscetíveis a influência de ambas as potências, contudo, na Primeira Conferência dos Povos Africanos, uma das questões debatidas fora o não-alinhamento, ou seja, não apoiar os EUA ou a URSS na Guerra Fria, nesse caso nas conferências seguintes, voltou-se a bater na mesma tecla de não-alinhamento e de neutralidade. 

Independência dos países africanos por data.

De fato, o cenário era até favorável, pelo fato de que como algumas nações estavam em guerras civis ou conflitos internos, seria suscetível buscar apoio externo, no que cogitaria um alinhamento a uma das potências mundiais. Porém isso não veio a acontecer. Grande parte dos países se mantiveram neutros, principalmente devido a ação da OUA e de outras organizações de pressionarem tais nações a cumprirem tal medida, mas isso não significou que os americanos e os soviéticos ficaram de braços cruzados. 

"As relações da África com os países socialistas remontam a época durante a qual, pouco após a revolução bolchevique de 1917, Lenin prometeu a cooperação do jovem Estado soviético a todos os povos colonizados. Desde então, todos os países socialistas — a URSS e os seus aliados, como a Republica Popular da China — prestaram ajuda, sob diversas formas, aos Estados africanos, tanto antes quanto apos a sua conquista da independência. Tal como aquela conduzida pelas outras potencias, a política externa dos países socialistas era permanentemente regida por dois imperativos: um imperativo ideológico, segundo o qual, o bloco soviético e a Republica Popular da China deviam sustentar os países partidários do marxismo-leninismo; e um imperativo estratégico, mediante o qual, eles defendiam os seus interesses nacionais. Isto implicava, para os comunistas, apoiarem as lutas de libertação, com o intuito de acelerar a revolução colonial, parte integrante da revolução mundial". (THIAM; MULIRA; WONDJI, 2010, p. 967).

Países como, a Argélia, Egito, Sudão, Gana, Tunísia, Mali, Guiné, Zimbabué, Quênia, Uganda, Somália, etc, formaram movimentos e partidos comunistas, a fim de promoverem a ascensão do socialismo e tais locais. Embora tais grupos foram combatidos por forças opostas internas e externas, o socialismo não conseguiu prevalecer no continente africano, assim como conseguiu na Ásia. A descolonização asiática havia começado na década de 30 e perdurou até os anos 80, quando pequenas ilhas se emanciparão de suas colônias. 


A corrida espacial

A chamada corrida espacial e posteriormente a quase "guerra nas estrelas" tomou as atenções do mundo entre as décadas de 60 e 70, devido a genialidade humana em se transpor o que parecia ser o limite. O "céu" já não era mais o limite para os homens. 




A corrida seria disputada entre os Estados Unidos da América, representados pela Nasa (National Aeronautics and Space Administration) e o Programa Espacial Soviético (PES) da URSS. Nesse caso, os soviéticos saíram na vanguarda. Em 1957, eles enviaram os dois primeiros satélites artificiais ao espaço, o Sputnik I e o Sputnik II; no caso do Sputnik II este representou um novo marco para a história, enquanto o seu antecessor fora o primeiro a chegar ao espaço, o segundo fora o primeiro a transportar um ser vivo ao espaço. Abordo do Sputnik II viajou a cadela Laika (infelizmente, Laika morreu algumas horas depois, enquanto se encontrava abordo da nave).

Tais feitos maravilharam o mundo, não se imaginava que os soviéticos possuíssem uma tecnologia tão avançada assim. Em resposta a tais acontecimentos, no ano de 1958, os americanos criaram a sua Agência Espacial, a Nasa, assim se iniciava a disputa pelo controle do espaço ao redor do plante Terra, o céu já não era mais o limite, a corrida espacial estava iniciada.

Em 1961 os soviéticos voltaram a surpreenderem o mundo mais uma vez, eles conseguiram enviar dessa vez o primeiro homem ao espaço. Em 12 de abril, fora lançada a nave Vostok I do cosmódromo de Baikonur (atualmente Cazaquistão), abordo estava o cosmonauta russo, Yuri Gagarin 1934-1968).


Cosmonauta Yuri Gagarin, primeiro homem a ir ao espaço.

Gagarin orbitou a Terra por cerca de 40 minutos, até volta ao planeta, durante sua rápida viagem ele dissera algumas frases que marcaram a História. Primeiro ele confirmou que o planeta era realmente azul, a Terra era uma bola azul na imensidão do espaço; segundo, ele disse que não avistou Deus. 

Gagarin retornou a salvo ao planeta, os americanos rangiam os dentes de raiva, mais uma vez haviam sido derrotados pelos soviéticos. Ainda no ano de 1961, o presidente John F. Kennedy em um discurso ao vivo para todo o país desafiou os soviéticos. Kennedy disse que até o final da década, a Nasa conseguiria levar o homem a lua e traze-lo de volta em segurança. Deste dia em diante a disputa se tornou mais acirrada entre as duas potências.

Mas se por um lado, a corrida espacial representou uma disputa de egos e tecnologias, era ao mesmo tempo um embate psicológico, político e estratégico. A medida que a tecnologia evoluía e a facilidade de se enviar satélites ao espaço, cogitou o que viria ao longo da década de 80 ser chamada de "guerra nas estrelas" em referência ao filme Star Wars: Uma Nova Esperança, produzido e dirigido por George Lucas em 1977. Satélites espiões, misseis transcontinentais, misseis espaciais, naves de guerra, raio laser, estação espacial, base secreta na lua, etc, foram hipóteses cogitadas ao longo da década de 70 e parte de 80. De fato, o uso de satélites e a construção de misseis fora real, o resto, devido aos altos custos não foram concebidos, embora houvessem planos para levar a frente tais projetos. Naquela época, isso não parecia ser coisa apenas de ficção cientifica.

Os anos 60 chegaram ao fim, e como o presidente Kennedy havia dito oito anos antes, finalmente se concretizara. Em 1968, o Projeto Apollo, lançou a Apollo 8 em direção a Lua, três astronautas circunavegaram a Lua e retornaram a Terra. Nesse dia, eles haviam transformado em real uma história escrita a um século pelo escritor de ficção cientifica Júlio Verne, o qual em seu livro À Volta da Lua, publicado em 1869, descreve a viagem ao redor da Lua de três pessoas, dois cachorros e um galo. 

Por fim em 20 de julho de 1969 a missão Apollo 11, a qual despendi-ou altos custos e esforço de milhares de pessoas, conseguiu levar o homem a lua. Os astronautas, Niel Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins, foram os primeiros homens a pisarem na Lua, abordo do Módulo  Eagle lançado da nave Apollo 11. 


O astronauta Edwin "Buzz" Aldrin fotografado em solo lunar, por Niel Armstrong em 20 de julho de 1969.

Niel Armstrong de uma das transmissões da Lua a Terra proferiu sua fase que entrou para a História, "Este é um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a Humanidade". 

Após o bem sucedido voo da Apolo 11, mas sete voos foram realizados pela Missão Apolo, sendo que o voo da Apolo 17 fora o último a ir a Lua em 1972,   tal fato se deveu principalmente aos altos custos da missão que inviabilizaram o Programa Espacial por vários anos. Embora que ainda hoje muitos acreditam que a viagem do homem a lua não passou e uma encenação dos americanos.

Os soviéticos devido a vários acidentes, problemas, desentendimentos, falta de verbas, etc, não conseguiram levar o homem a lua, mas a partir de 1985, começaram a construir a primeira estação espacial a MIR, a qual se mantivera em atividade até o ano de 2001, quando caiu no planeta e se desintegrou-se na atmosfera. Após a década de 70, não se enviou mais missões a Lua, e a partir dos anos 80, passou-se a se realizar viagens esporádicas tripuladas ao espaço devido aos altos custos demandados. A corrida espacial findou-se mais o medo de uma "guerra nas estrelas" fora reforçado pelo presidente Reagan até 1983. 

Anos 70
Salvador Allende

Em 1970 ocorreram no Chile, eleições presidenciais. A disputa fora bem acirrada, e o vencedor fora Salvador Allende (1908-1973), político de tradicionalmente de esquerda e partidário do socialismo. De forma democrática e legal, a população chilena, elegeu para a presidência do país um político socialista, assim, o Chile se tornou a primeira nação latinoamericana a adotar o socialismo por vias legais, e Allende o primeiro presidente legal socialista. 

Salvador Allende, presidente socialista do Chile de 1970 a 1973

Embora, os Estados Unidos fizessem pressão e vista grossa sobre a América Latina, combatendo o socialismo e o comunismo, o Chile perpetrou estes embates e levou adiante sua adoção ao modelo socialista. E isso se deveu em grande parte ao trabalho de Salvador Allende. A partir da década de 30, Allende ingressou na política, era médico formado, mas um exímio orador e defensor dos direitos políticos, tornou-se deputado pelo Partido Socialista e exerceu seu mandato entre 1937 a 1945, fora também Ministro da Saúde no governo de Aguirre Cerda de 1939 a 1942. Nos anos 40, tornou-se Secretário-geral do Partido Socialista e em 1945 fora eleito senador da república. Como secretário, Allende mobilizou os seus partidários a fim de tentar concorrer as próximas eleições presidenciais, assim ocorreu em 1952, mas ele acabou sendo derrotado na eleição. 

Em 1956, Allende fora um dos articuladores da Frente de Ação Popular, como forma de mobilizar a população a dá maior apoio as propostas socialistas e não se submeter as ordens dos Estados Unidos, os quais influenciavam o governo Chileno de então. Em 1958, houveram novas eleições para a presidência, mas novamente Allende fora derrotado pela oposição. Em 1964, ele concorreu uma terceira vez, mas fora novamente derrotado, pela oposição, o candidato vencedor, fora Eduardo Frei, o qual contou com apoio financeiro dos Estados Unidos em sua campanha eleitoral, mesmo assim, grupos que eram partidários da campanha de Allende saíram pelas ruas, protestando contra a ajuda recebida dos EUA para a campanha de Eduardo Frei. 

Finalmente nas eleições de 1970, tendo se candidatado uma quarta vez, Salvador Allende conseguiu a vitória, mesmo por uma pequena margem de diferença, assim ele deu inicio ao seu governo socialista, baseado no slogan "via chilena para o socialismo". Allende pretendia, como forma de ingressar o país no socialismo, começando por reformas profundas na economia, como a realização de uma reforma agrária, a nacionalização das indústrias, a nacionalização dos bancos, a nacionalização da exploração dos bens naturais, etc. Em prática, ele tentou aplicar as diretrizes propostas no programa da Unidade Popular, contudo, grande parte da população, principalmente da classe média e da classe alta, não enxergaram de forma favorável as medidas implantadas pelo presidente, logo, movimentos de oposição, protesto, greve, boicote começaram a insurgir no país, a direita alegava que Allende iria "quebrar" as finanças do país, que a miséria irai aumentar. A situação fora piorando, até que no ano de 1973, mobilizações no campo militar começaram a atuar, e em 11 de setembro, o general Augusto Pinochet (na imagem) com apoio da CIA e do governo americano realizou um golpe de Estado. Ao longo de 1973, houvera uma primeira tentativa para se dá o golpe, mas o general convocado para realizar tal ato, o general Carlos Pratz, negou-se a participar de um golpe de Estado, assim ele fora substituído pelo general Augusto Pinochet, o qual levou a cabo a invasão e tomada do Palácio de La Moneda

O ataque foi rápido e violento, o presidente Allende, acabou sendo assassinado durante o golpe de Estado. Augusto Pinochet (1908-2006) assumiu o poder e instaurou uma ditadura militar que perdurou até 1990. Assim, os Estados Unidos, haviam evitado de que mais uma nação se consolidasse no mundo sob a égide do socialismo.


As ditaduras latino-americanas



Diferente do que se sucedeu na África e na Ásia, onde a intervenção americana não fora generalizada, a América Latina fora entre as décadas de 50, 60 e 70 o "quintal dos Estados Unidos". Depois do incidente em 1954 na Guatemala e a Revolução Cubana em 1959, os americanos passaram a ficarem mais receosos com a ameaça comunista, fato este que em vários dos países latinoamericanos, existiam partidos comunistas, mesmo não sendo oficiais, agiam na ilegalidade, e a possibilidade de que o mesmo que ocorreu em Cuba viesse a acontecer em outra parte do continente não era uma hipótese descartada. Assim, vários escritórios da CIA foram instalados por estes países, e ao mesmo tempo, grupos paramilitares apoiados pelos norte-americanos passaram a agir com espiões e até mesmo no extermínio de focos de resistência e rebeldia comunistas. No Brasil houvera o caso da Guerrilha do Araguaia, onde o exército brasileiro eliminou o foco de resistência entre os anos de 1969-1972. Outro marco da década de 60, fora as ações de guerrilha ocorridas na Bolívia sob a liderança de Che Guevara, contudo, ele acabou sendo capturado e assassinado em 1967. 

Não obstante, outras alternativas utilizadas basearem-se numa construção ideológica de que o comunismo era um perigo, que era um "mal" que deveria ser combatido e eliminado, tal fato fora bem marcante entre as décadas de 50 a 80, e se querem ter a prova, perguntem a aqueles que viveram nessa época, como era a visão do senso comum acerca dos comunistas, muitos dirão que eles eram anarquistas, loucos, ateus, cruéis, desordeiros, etc. Por fim, a outra grande saída encontrada fora apoiar setores civis e militares para que pudessem realizar golpes de Estado a fim de tomarem o poder em seus países isso aconteceu em várias nações latinoamericanas. No caso do Brasil, entre 31 de março de 1 de abril de 1964, o então presidente da república João Goulart (Jango) fora deposto por um golpe civil-militar que havia sendo preparado a quase dois anos. O governo fora assumido posteriormente pelo general Castelo Branco, o qual tinha a intenção de governar temporariamente até que "a poeira abaixasse" e as eleições presidenciais pudessem serem feitas em 1966, já que até então cogitavam um alinhamento entre Jango e os comunistas (algo que não aconteceu). Porém a intervenção militar no Brasil se tornou uma ditadura militar, a qual prevaleceria por vinte anos. 

Ditaduras militares latinoamericanas:
  • Argentina (1976-1983)
  • Bolívia (1971-1985)
  • Brasil (1964-1985)
  • Chile (1973-1990)
  • Colômbia (1953-1957)
  • República Dominicana (1930-1961)
  • Equador (1972-1979)
  • El Salvador (1931-1979)
  • Guatemala (1970-1985)
  • Honduras (1963-1974)
  • Nicarágua (1967-1979)
  • Panamá (1968-1989)
  • Paraguai (1954-1989)
  • Peru (1968-1980)
  • Uruguai (1973-1984)
  • Venezuela (1952-1958)

A proliferação de ditaduras ocorreu durante a década de 70, onde parecia que novamente a Guerra Fria, voltou a "esquentar", assim, nesta década, várias ditaduras militares foram instauradas. Um dos grandes motivos, se deu pela questão da eleição do presidente chileno Salvador Allende o qual tentou implantar o socialismo no país, mas fora deposto por um golpe de Estado em 1973. Para se evitar que novas ameaças como esta viessem a acontecer, ditaduras militares, começaram a surgir em outros países latinoamericanos, e os países que haviam deixado o regime militar, ainda mantiveram laços com a política de Washington.


Novos embates: a détente se fragiliza

Em 1971, o chanceler alemão Willy Brandt visitou Moscou, Varsóvia e Praga, onde assinou tratados amistosos com tais nações, como forma de amenizar os problemas enfrentados entre as duas "Berlins". Não obstante, o presidente Richard Nixon, defendeu a integração da China à ONU e visitou o país em 1972, como forma de pressionar a URSS e evitar problemas com Mao Tsé-tung. Em 1972, fora assinado entre os EUA e a URSS o tratado SALT-I (Strategic Arms Limitation Talks), Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas, representou o primeiro tratado de dois a respeito de por limites a produção de armas em destruição em massa e um gradativo desarmamento. O tratado SALT-2 fora assinado em 1979.

Contudo, isso não significou que a tensão entre os dois polos estava diminuindo. Como fora visto neste texto, os americanos participaram da Guerra do Vietnã por cerca de sete anos, e saíram derrotados e humilhados, a URSS aproveitou para expandir seu domínio sobre o mundo. 

"Depois de atingir seu ponto máximo em 1972-1973, a distensão começou a sofrer uma série de recuos e não foi capaz de reduzir a corrida soviética aos armamentos, assim com suas ações desestabilizadoras". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 15, São Paulo, Nova Cultural, 1998, p. 3567). 

Em 1975, os soviéticos conseguiram importantes vitórias no continente africano, em Angola, Etiópia, Congo e na ilha de Madagascar. Na Ásia, eles se aproximaram da Índia, do Camboja, Laos e Tailândia, além de ganhar a adesão do Vietnã como nova nação socialista. Em 1979, um movimento revolucionário decretou o socialismo no Afeganistão, mas devido a revolta e mobilização de grupos internos, tal governo estava longe de se firmar no poder, assim os soviéticos tomaram o país e passaram a dá apoio ao Afeganistão socialista. Os Estados Unidos não interviram no momento, devido a problemas econômicos, políticos e sociais, originados da derrota no Vietnã, das crises do petróleo, dos gastos com a corrida espacial, etc. Mas a resposta aos atos dos soviéticos viria poucos anos depois. A CIA fora incumbida de treinar e formar grupos paramilitares para agir no país, tais grupos posteriormente deram origem ao Talibã e a al-Qaeda, onde o próprio Osama bin Laden (1957-2011) fora um dos membros treinados pelos americanos para agir em prol de seus interesses no Afeganistão e em outros países do Oriente Médio. 


As crises do petróleo 
(1973-1974/1979-1980)

Em 1960 fora criada a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) formada inicialmente apenas por países árabes do Oriente Médio. A OPEP e tida hoje como um bloco comercial ou uma espécie de grande cartel, já que os países membros ditam o preço de venda do petróleo bruto exportado de seus territórios. Em 1973, os países membros eram: Iraque, Irã, Arábia Saudita, Kuwait, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Venezuela, Equador, Indonésia, Nigéria, Líbia e Argélia. Em 1975, o Gabão tornou-se membro, e em 2007 fora a vez de Angola. Atualmente a OPEP é composta por doze membros, o Gabão e a Indonésia renunciaram suas filiações. 

Mapa com os atuais países membros da OPEP.


A primeira crise do petróleo havia ocorrido ainda na década de 50, embora gerou alguns problemas graves para a economia de algumas nações, as crises da década de 70 foram bem mas impactantes. De acordo com Larousse [1998] em 1973, foram produzidos 2.860Mt barris de petróleo, o que equivalia na época a 47% da energia consumida do mundo, logo a crise quase que deixou o mundo "parado". A crise tivera inicio no Oriente Médio, quando tropas lideradas pelos Egito e Síria invadiram Israel durante o feriado do Yom Kipur (feriado semelhante ao Ramadã dos muçulmanos, onde durante vários dias prega-se o jejum) no mês de outubro. 

A guerra durou cerca de vinte dias, mas foi o suficiente para complicar as tensões entre as nações muçulmanas e a Palestina em Israel. Os motivos de tais embates, advêm de fatos históricos que remontam a um legado de séculos de embates e desavenças, mas de qualquer forma, os Estados Unidos e países europeus membros da OTAN, juntamente com a ONU interviram para por fim ao conflito. Como contra medida, os países árabes exportadores de petróleo ainda no mesmo ano, decidiram aumentar o preço de venda do petróleo e a nacionalizar muitas das indústrias petrolíferas estrangeiras que exploravam o petróleo em seus territórios. 

"Essa estagnação na produção de ocorreu simultaneamente a uma recessão econômica mundial, e atuou de certa forma como fator que a agravava (através do desequilíbrio ocasionando nas balanças comerciais dos países importadores de petróleo), ao mesmo tempo que era efeito da própria recessão (que provocou uma contenção e uma racionalização do consumo, além da busca de diversificação das fontes de energia)". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 19, São Paulo, Nova Cultural, 1998, p. 4585). 

A crise fora sentida em vários países mais com diferentes proporções. Os Estados Unidos os quais eram os maiores consumidores de petróleo na época sofreram um grande impacto com a indústria automobilística e petroquímica, o preço da gasolina e do diesel disparam, e os grandes carros dos anos 70, passaram a andar cada vez menos, devido a grande quantidade de combustível que consumiam; ao mesmo tempo, as mercadorias transportadas por caminhões encareceram devido a alta do petróleo, logo os "anos dourados" iniciados na década de 50, começavam a perder seu brilho. 

Somando-se a isso, havia também as despesas com a guerra no Vietnã e com o Programa Espacial que consumiu bilhões e bilhões de dólares. Não obstante a URSS e a China também sofreram com a crise, para abastecer suas indústrias, e ao mesmo tempo ao longo da década de 70, a economia e a industrialização soviética ficou praticamente estagnada, desde a deposição de Nikita Khrushchev em 1964 e os constantes fracassos com o Programa Espacial após 1969. O Vietnã, Cuba, Japão, Coréia do Sul e outras nações também tiveram suas economias bem abaladas, principalmente pela grande dependência não apenas ao petróleo mas da importação de vários outros gêneros. 

No caso do Brasil, uma das saídas que  governo militar encontrou fora a criação do Programa Nacional do Álcool (Próalcool) em 1975, o qual consistia no fato de que o Estado subsidiária o investimento na plantação de cana-de-açúcar e na construção de usinas para se fabricar o etanol, para servir de combustível aos carros movidos a álcool. O Próalcool ainda se mantêm em funcionamento nos dias de hoje, como forma de diminuir a dependência do país para a importação de petróleo da OPEP, embora que o país possua ricas fontes submarinas de petróleo, localizadas na camada chamada de pré-sal. 

Embora a primeira crise tenha acabado em 1974, os estragos que ela havia deixado não iriam sanar em pouco tempo, e em 1979-1980 um novo problema assolou o Oriente Médio, a Guerra Irã-Iraque (1980-1988). 

Segunda Fase (1979-1991)


Anos 80

Os anos 80 se inciaram com várias mudanças no mundo, uma delas fora a adoção cada vez mais clara de tendências neoliberais, algo que já havia sido iniciado na década de 60. Alguns economistas, apontam que a adoção do neoliberalismo fora uma forma encontrada pelas nações capitalistas de sair de uma crise do capitalismo que via se desenvolvendo. Hoje, somos testemunhas dessa crise que piorou a partir de 2008, mas os motivos para tal crise ter ocorrido, remontam a este período.

Governos neoliberais como de Margaret Thatcher, primeira-ministra da Inglaterra, entre os anos de 1970 a 1990 e do presidente estadunidense Ronald Reagan (1980-1988), deram um novo rumo para a economia e política mundiais em vários aspectos. Mas, embora o neoliberalismo fosse cada vez mais ocupando espaço nessa "nova ordem", o mundo ainda vivia em conflitos. A economia americana entre os anos de 1975 a 1985 entrou em crise, e por volta de 1980, devido as artimanhas dos Estados Unidos de tentar fugir de sua crise, a economia global mudou significante, afetando vários países, até mesmo a URSS passava por problemas econômicos.

No ano de 1980, desentendimentos políticos e fronteiriços, levaram o Iraque, governado por Saddam Hussein (1937-2006) a declarar guerra ao Irã, assim ambas as nações entraram em guerra, e tal guerra durou oito anos, resultando em massacres de muitos civis, por armas de destruição em massa e até mesmo biológicas. Tal conflito, interferiu na exportação de petróleo, principalmente do Irã, já que o Iraque na época era aliado dos Estados Unidos, então os mesmos lhe deram apoio. Ao mesmo tempo, os americanos passaram a tentarem libertar o Afeganistão do domínio soviético e o presidente Reagan criou o chamado "Programa Guerra nas Estrelas", nesse caso, cogitou-se lançar vários misseis vindos a partir da Europa, os quais voariam fora da atmosfera terrestre e acertariam alvos específicos no território soviético, contudo, tal opção fora abandonada em 1983, onde para evitar-se que novamente houvesse um episódio semelhante ao ocorrido em Cuba na década de 60, o dilema dos euromísseis fora suspenso. Não obstante o posicionamento dos soviéticos iria mudar drasticamente a partir de 1985, com a subida ao poder de Mikhail Gorbachev. A Guerra Fria, tomaria seu rumo para o fim.

Gorbachev e o fim da URSS


"Em 1985, a ascensão ao poder de Mikhail Gorbatchóv na URSS trouxe mudanças. A modernização da economia soviética tornou-se prioridade, o que implicava a distensão com os países do Ocidente, únicos fornecedores possíveis de crédito e tecnologia". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 15, São Paulo, Nova Cultural, 1998, p. 3567). 

Desde que Nikita Khrushchev fora deposto no poder em 1964 e posteriormente assassinado no mesmo ano, o governo fora assumido por Leonid Brejnev o qual governou até 1982, quando veio a falecer aos 75 anos. Em seu governo, especialmente durante a década de 70, o país vivenciou uma estagnação econômica e o atraso tecnológico, o qual só não fora maior, devido aos investimentos feitos no setor bélico, mesmo assim as condições de vida se deterioraram e as relações políticas também, como fora o caso da China e outras nações da Europa Oriental. Assim, Gorbachev propunha reerguer a economia da União, e para isso ele pôs em prática o projeto chamado Perestroika ("reconstrução") o qual atuaria ao lado da Glasnot ("transparência").

"[...] a perestróica, que afetou todos os aspectos da vida social, política e econômica do país: implantação da transparência (glasnot) nas ações governamentais; luta contra a corrupção e a ilegalidade (sanções contra policiais da KGB e contra mais de 200 mil membros do PC em 1986-1987); liberação progressiva os dissidentes (volta de Sakharov do exílio em dezembro de 1986); instauração de candidaturas múltiplas nas eleições dos sovietes locais (1987); novas reabilitações de vítimas do stalinismo; reforma da economia (19870, com o abandono da centralização". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 23, São Paulo, Nova Cultural, 1998, p. 5829).


Propaganda da política de reformas Perestroika em 1986

Em 1986, a URSS e a Europa fora surpreendidos com um acontecimento terrível. O reator nuclear Vladimir Lenin (conhecido hoje mais como Chernobil), localizado, atualmente em território ucraniano, começou a vazar em abril do mesmo ano. Nos meses seguintes, a cidade de Pripyat onde se localiza o reator de Chernobil fora evacuada, e logo as cidades e vilas vizinhas também, as tentativas de conter a nuvem radioativa demoraram para dá resultado, e a nuvem se espalhou pela Europa e Ásia. A radiação conseguiu ser contida em novembro, quando conseguiram terminar a construção do "sarcófago de chumbo", o qual mantêm a radiação presa no interior do prédio. Nos anos seguintes, pessoas, animais e plantas morreram devido a contaminação da radiação; as terras, águas e o ar ao redor da cidade de Pripyat a qual se tornou uma cidade fantasma, eram impróprias para a vida. Ainda hoje, o local é mantido sob a segurança das forças armadas, devido pelo fato de que os índices de radiação, mesmo tendo diminuído  ainda são perigosos. 

Vista atual do reator nuclear de Chernobil, Pripyat, Ucrânia. Ao redor do reator pode-se ver o "sarcófago" de chumbo, construído para conter a radiação. 

O vazamento em Chernobil fora o pior caso da história da Humanidade a respeito de um incidente do gênero, embora incidentes assim tenham ocorrido posteriormente nos Estados Unidos e mais recentemente em 2011 no Japão, o caso de Chernobil, levou na época o mundo a questionar até que ponto a energia nuclear era benéfica para o mundo.

Em 1987, a aproximação entre os EUA e a URSS crescia cada vez mais. Para alguns historiadores, sociólogos e cientistas políticos, a Guerra Fria acabou nesse ano, principalmente devido a assinatura do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (Intermediate-Range Nuclear Forces - INF) assassinado em Washington, entre Gorbachev e Reagan, e ratificado no ano seguinte. O tratado visava a eliminação e desativação de misseis nucleares ou comuns, que possuíam um alcance médio, algo definido entre 500 a 5000 km. Contudo, o tratado, estipulava o prazo final para tal proposta, o ano de 1991. 

Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan assinando o tratado do INF em 1987.

Em 1988 na URSS ocorreu a XIX Conferência do PCUS (junho-julho), nesta conferência aprovou-se uma nova divisão da estrutura política da União, criou-se o Congresso dos Deputados do Povo e o Soviete Supremo. Assim, para o ano de 1989, ocorreram eleições em todas as repúblicas soviéticas, para se elegerem os representantes do primeiro Congresso dos Deputados do Povo. Na Rússia, políticos como Boris Ieltsin e Roy Medvedev fora eleitos, eram considerados possíveis reformistas para a URSS. O próprio Gorbachev fora reeleito para seu cargo em maio do mesmo ano.

A política da Glasnot, permitiu o retornou da livre-expressão, do direito a opinião, das pessoas se expressarem contra os erros do governo, ao negado a muito tempo ao povo soviético. O povo estava cada vez mais ligado a políticos e concepções de democracia, nacionalismo e independência. Muitos viam o fim iminente da URSS, logo manifestações pela independência das repúblicas soviéticas começaram a surgir, e um dos acontecimentos mais marcantes em 1989 a respeito dessa tendência fora a queda do muro de Berlim.

Pessoas comemorando o fim do Muro de Berlim, novembro de 1989.

O fim do Muro de Berlim o qual dividiu não apenas a cidade de Berlim mas a própria Alemanha politica e culturalmente por 28 anos, teve seu fim decretado em outubro de 1989, embora que o muro só começou a ser derrubado em novembro. O fim do muro já era pedido há vários anos, porque representou de forma nunca vista antes o simbolo máximo deste período; para muitos, o Muro de Berlim fora a encarnação da bipolaridade que tomou o mundo ao longo dos 46 anos de Guerra Fria, embora o muro tenha existido por 28 anos. De qualquer forma, ele separava ocidente e o oriente, onde no ocidente ficava a República Federal Alemã (RFA), capitalista, e no oriente a República Democrática Alemã (RDA), socialista. Muitas pessoas, que tentaram cruzar o mundo para ver seus familiares, amigos ou até mesmo fugir para um dos lados, foram assassinados pelos soldados que guardavam o muro.

Para alguns estudiosos, o fim do muro em Berlim, as eleições na URSS, e retirada das tropas do Afeganistão e de outros territórios, marcaram o fim da Guerra Fria, daí que em alguns livros, alguns autores adotam o ano de 1989 como marco do final da guerra. 

"O abandono da doutrina de Brejnev fez Moscou permitir a reunificação alemã e o desmoronamento dos regimes comunistas europeus, fato confirmado nas diversas eleições livres (1989-1990) naqueles países. O Comecon e o Pacto de Varsóvia tornaram-se estruturas obsoletas; a aliança militar socialista foi extinta no inicio de 1991 e as tropas soviéticas na Hungria e na antiga Tchecoslováquia foram retiradas". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 23, São Paulo, Nova Cultural, 1998, p. 5829).

Em 1990 ocorreu em julho o XXVIII Congresso do PCUS. Anteriormente no começo do ano, o PCUS, havia votado uma nova constituição e a aceitação do presidencialismo, logo Gorbachev fora eleito presidente da URSS. Não obstante já no ano de 1990, o próprio encontrava muitos problemas pela frente, era cada vez mais claro uma ruptura total da hegemonia soviética. A perestroika não havia se desenvolvido da forma como planejada, havia um grande descontentamento entre o povo; os movimentos de independência e até alguns confrontos ocorriam em algumas das repúblicas; a oposição e os conservadores pressionavam o governo de Gorbachev.

Porém Gorbachev sofrera um duro golpe ainda em 1990, Boris Ieltsin, eleito em 1989 como membro do Congresso dos Deputados do Povo, se desligou do Partido Comunista e se aliou a oposição, Ieltsin fora eleito ainda no mesmo ano presidente do Soviete Supremo

Em julho de 1991, ocorreram as primeiras eleições livres com sufrágio universal desde 1918. Boris Ieltsin fora eleito presidente, derrotando o candidato do Partido Comunista Ryjkov. Mesmo assim, os dias da URSS estavam contados. Em 19 de agosto ocorreu o golpe de Estado que pôs fim ao governo de 69 anos da URSS. Um grupo radical chamado Comitê Estatal para um Estado de emergência reuniu tropas, armas e tanques de guerra e tentou tomar a cidade de Moscou. 

"O golpe de Estado durou apenas três dias, mas suas consequências foram determinantes para o futuro político do país. Concebido em escala soviética, na Rússia o golpe enfrentou a resistência da população e atuação decisiva de Ieltsin. Enquanto Gorbatchóv ficou detido na Criméia (18 de agosto), o presidente da República Rússia se afirmou como único representante do poder legal diante dos golpistas. Após o fracasso do golpe (21 de agosto), o governo russo assumiu grande parte das funções do poder federal, em processo de dissolução. A desestabilização política acarretou a secessão de diversas repúblicas: países bálticos, Ucrânia, Belarus, Moldávia, Azerbaidjão  Usbequistão e Quirguízia proclamaram independência, seguidos em setembro-outubro por Tadjiquistão, Armênia e Turkmenistão e, em dezembro, pelo Casaquistão. O PCUS foi declarado ilegal em 29 de agosto". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 23, São Paulo, Nova Cultural, 1998, p. 5830).

Mikhail Gorbachev tentou realizar um último ato para salvar a URSS, reconheceu a independência dos países bálticos (o Báltico fica localizado na Europa, e compreende a o território a nordeste da Grécia e a noroeste da Turquia), convocou um Conselho de Estado provisório a fim de conseguir reunir alguns dos membros soviéticos, e de fato isso fora feito. Belarus, Rússia, Ucrânia, Moldávia e Azerbaidjão se uniram e formaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI), porém o fim já não podia ser mais remediado, plebiscitos realizados nas repúblicas, o povo votou a favor da independência e o fim absoluto da URSS. Em 25 de dezembro, Gorbachev renunciou ao cargo de Secretário-Geral, no dia seguinte a bandeira vermelha da URSS fora arriada do Kremlin em Moscou.

Em 26 de dezembro era oficializado pelo governo russo o fim da URSS. Boris Ieltsin assumiu definitivamente como presidente da recém Federação Russa, tendo governado por dois mandatos até o ano de 1999. Com o fim da URSS, quinze países se tornaram independentes, e os mesmos não voltaram a adotar o socialismo. O fim da URSS implicou em problemas econômicos, políticos  territoriais, religiosos, sociais e internacionais para as antigas repúblicas membro, e para as de mais nações socialistas da época, principalmente Cuba e o Vietnã, já que a China e a Coréia do Norte, mantiveram posturas de afastamento gradativo. 

Assim, para muitos historiadores e outros estudiosos, o fim da URSS em 1991, é o marco do fim da Guerra Fria, já que definitivamente um dos dois grandes adversários saiu derrotado, logo a guerra havia acabado de vez.

NOTA: Winston Churchill (1874-1965), além de político e estadista, fora jornalista e historiador. Churchill ganhou em 1953 o Nobel de Literatura, devido a suas reflexões a respeito da guerra. 
NOTA 2: Quando Adolf Hitler cometeu suicídio em 30 de abril de 1945, Stálin não havia ficado convencido de que o mesmo tivesse realmente feito isso, então ele enviou um grupo de investigação e pesquisa para averiguar a veracidade de tal fato.
NOTA 3: A Tchecoslováquia em 1992 se dividiu nas atuais República Tcheca e Eslováquia.
NOTA 4: A Iugoslávia dividiu-se após 1991, dando origem a Croácia, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia, Macedônia, Sérvia, Montenegro e mais recentemente ao Kosovo
NOTA 5: Atualmente as únicas nações socialistas do mundo são: China, Coreia do Norte, Cuba, Vietnã e a Venezuela, embora haja alguns países com tendências socialistas na política e em suas constituições. 
NOTA 6: Mikhail Gorbachev ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1990.
NOTA 7: Dependendo da tradução pode haver variações na grafia dos nomes russos. 
NOTA 8: A série de livros do espião britânico James Bond - 007 escrita por Iam Fleming surgiu no contexto da Guerra Fria. Tanto os livros como alguns filmes fazem alusão a este período histórico, onde Bond procurava evitar o início de uma Terceira Guerra Mundial, combatendo terroristas que incitavam uma conflito entre os americanos e os soviéticos. 

Referências Bibliográficas:
BARROS, Edgard Luiz de. A guera fria: A aliança entre russos e americanos: as origens da guerra fria: a destruição atômica é irreversível? 5 ed, São Paulo, Atual, Campinas, Editora da Unicamp, 1988.
ROTHBERG, Abraham. Os herdeiros de Stalin: a dissidência e o regime soviético: 1953-1970. Rio de Janeiro, O Cruzeiro S. A, 1972. (Capitulo I: a teia política).
HOBSBAWM, Erich J. A Era dos Extremos: O breve século XX - 1914-1991. 2 ed, São Paulo, Companhia das Letras, 1997. (Capitulo 8: Guerra Fria). 
HARRIS, Joseph E; ZEGHIDOUR, Slimane. A África e a diáspora negra. História Geral da África - volume VIII: África desde 1935. 2 ed, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 23).
KODJO, Edem; CHANAIWA, David. Pan-africanismo e libertação. História Geral da África - volume VIII: África desde 1935. 2 ed, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo: 25).
THIAM, Iba Der; MULIRA, James; WONDJI, Christophe. A África e os países socialistas. História Geral da África - volume VIII: África desde 1935. 2 ed, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 27).
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 1, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 5, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 7, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 15, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 19, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 23, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 24, São Paulo, Nova Cultural, 1998.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom.O texto esta super completo,tem o que eu queria e oque eu queria saber mas nao sabia que queria(e...isso ficou confuso kk) agora e so fechar a minha prova de historia.
(PS.:no meu teclado nao funciona os acentos entao me desculpem os erros de acentuacao)

Unknown disse...

Ficou perfeito e me ajudou muito!! Obg